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Estado de Minas SITTWE

Rohingyas desconfiam da resistência antijunta militar em Mianmar


12/07/2021 15:08

Formado em resposta ao golpe de Estado decretado em Mianmar, o "Governo da sombra" rompeu um tabu, ao acolher em sua coalizão contra a junta militar representantes dos rohingyas, embora muitos dos integrantes desta minoria muçulmana perseguida desconfiem deste gesto.

Mianmar, de maioria budista, vive um caos desde que os militares derrubaram o governo de Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, encerrando um hiato democrático de 10 anos e desencadeando uma repressão brutal contra seus oponentes.

Deputados exilados da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Aung San Suu Kyi, criaram um "Governo de Unidade Nacional" (GUN) no exílio, com o objetivo de reunir apoio para sua resistência à comunidade internacional.

Em junho, o GUN pediu aos rohingyas que "se unissem" para acabar com o regime militar, prometendo que centenas de milhares de pessoas que fugiram de Bangladesh, após a violenta repressão em 2017, poderiam voltar para casa.

Da mesma forma, prometeu conceder cidadania a esta minoria que vive no Estado de Rakáin, a oeste de Mianmar, apátrida e vítima de discriminação há décadas.

O uso do termo "rohingya" também é uma nova abordagem a este povo, já que o governo de Aung San Suu Kyi sempre os chamou de "os muçulmanos que vivem no estado de Rakáin", para não ofender a sensibilidade do grupo étnico majoritário, o Bamar.

- Minoria sem país -

O gesto, no entanto, desperta a desconfiança dos rohingyas radicados em Mianmar há gerações, uma vez que sempre foram considerados intrusos neste país onde não têm nacionalidade e os mesmos direitos que os birmaneses.

No final de uma estrada de terra acidentada, Thet Kay Pyin é um acampamento de cabana de madeira que abriga os rohingyas, que foram forçados a deixar suas casas durante confrontos com budistas Rakaine em 2012.

"Não podemos depositar toda a nossa confiança e expectativas neles (GUN) porque somos oprimidos há muito tempo", acrescenta San Yee, uma mãe de quatro filhos que sobrevive com o dinheiro que seu marido lhe manda da Malásia.

Apesar da proposta de inclusão, não há representantes rohingya entre os 32 membros do atual gabinete do "Governo de Unidade Nacional".

Após a vitória do partido de Aung San Suu Kyi nas eleições de 2015, "sequer obtivemos os direitos humanos básicos como, por exemplo, liberdade de circulação, tornar-se cidadãos, voltar às nossas casas. Não conseguimos nada disso", disse outro refugiado, Ko Tun Hla, à AFP.

Acusado de genocídio pela sangrenta repressão de 2017, que fez com que 700.000 rohingyas fugissem para Bangladesh, o exército birmanês foi apoiado pela ex-ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, que viajou para Haia em 2020 para defender generais na ONU.

Poucos meses depois, no entanto, os militares derrubaram o poder em um golpe de Estado. Dias depois, os soldados foram a Thet Kay Pyi para tentar tranquilizar esta minoria, disse Win Maung.

"Mas quando falamos sobre nossos direitos, eles se tornaram ameaçadores. Eles nos chamaram de bengalis e ameaçaram atirar em nós também", acrescenta.

"Bengalis" é um termo depreciativo para os rohingyas, que sugere falsamente que eles são imigrantes recentes de Bangladesh.

O chefe da Junta, Min Aung Hlaing, que liderou as forças armadas durante a repressão de 2017, afirmou que Rohingya era "um termo imaginário".


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