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Estado de Minas HEBROM

Ser ativista pelos direitos Humanos na Cisjordânia significa arriscar a vida


30/06/2021 09:08

Issa Amro teve uma semana difícil. Detido brevemente em 22 de junho pelas forças palestinas, o influente ativista de direitos humanos soube menos de 48 horas depois que seu amigo Nizar Banat morreu após ser preso pela Autoridade Palestina, da qual também é crítico.

Amro tinha muito em comum com Nizar Banat, cuja morte gerou uma onda de protestos na Cisjordânia ocupada contra a Autoridade Palestina do presidente Mahmoud Abbas, de 86 anos, cujo mandato devia ter terminado em 2009.

Ambos nasceram em Hebron, cidade do sul da Cisjordânia onde vivem cerca de 1.000 colonos judeus sob forte proteção militar israelense entre mais de 200.000 palestinos. E os dois compartilhavam o compromisso com a liberdade de expressão.

Nas redes sociais, denunciavam o que poucos ousam dizer em voz alta: as prisões arbitrárias, mas também a "corrupção" dentro da Autoridade Palestina e, de forma mais geral, as violações dos direitos humanos pelas forças palestinas.

Quando foi detido por algumas horas em 22 de junho, depois de postar no Facebook uma crítica às prisões "políticas", Amro pensou em seu "amigo Nizar".

"Quando eles me prenderam por acusações infundadas, pensei que estavam determinados a se livrar de nós", explicou à AFP o ativista, liberado sem acusação.

Mas no caso de Banat, sua família acusa as forças de segurança de espancá-lo e "matá-lo".

"Não creio que planejassem matá-lo, mas usaram a violência para silenciá-lo", estima Amro.

Questionada pela AFP após a morte de Banat, a polícia palestina não fez comentários. A Autoridade Palestina prometeu uma investigação "transparente e profissional".

- "Medo" -

Em relatório de 2018, a ONG Human Rights Watch (HRW) já denunciava "prisões arbitrárias" realizadas pela Autoridade Palestina e considerava que "a prática sistemática de tortura poderia constituir um crime contra a Humanidade".

Amro alega ter sido "torturado" em 2017, quando foi detido por uma semana, trancado em uma minúscula sala onde foi espancado, não pôde ver seus advogados e foi ameaçado de "decapitação".

Hoje, "o ambiente ainda não é seguro para mim", diz o defensor dos direitos humanos de 41 anos, que é saudado por todos quando caminha pela Cidade Velha de Hebron: "Tenho medo que me matem, mas eu não vou parar".

"Mahmud Abbas está (à frente) de uma ditadura", diz, acrescentando que deve "falar sobre os presos políticos da Autoridade Palestina, as figuras públicas que são corruptas e que oprimem seu próprio povo".

Quase 84% dos palestinos acreditam que a Autoridade Palestina é corrupta, de acordo com uma pesquisa divulgada em meados de junho por uma empresa de pesquisas com sede em Ramallah.

Os líderes palestinos temem "porque minha voz chega ao exterior, enquanto eles querem ser a única voz do povo palestino", acredita Amro.

Ele é apoiado pela Anistia Internacional, que nos últimos anos condenou repetidamente o "assédio" que sofreu nas mãos das autoridades palestinas e israelenses.

Amro não denuncia apenas a Autoridade Palestina, que exerce poderes limitados sobre 40% da Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967 por Israel.

Seu compromisso nasceu na década de 2000 contra a colonização israelense - ilegal segundo o direito internacional - em Hebron, onde criou a ONG "Juventude Contra os Assentamentos".

Ele foi detido dezenas de vezes, "em alguns casos duas vezes por semana, às vezes por dia", e depois liberado.

Em fevereiro de 2021, um tribunal militar israelense impôs uma pena suspensa de três meses de prisão e uma multa de 3.500 shekls por "organização e participação em manifestações pacíficas", acusações com " motivação puramente política", de acordo de Anistia.

Segundo a justiça israelense, essas manifestações foram "ilegais" e Amro "se opôs fisicamente" à prisão.

"Vejo a Autoridade Palestina como uma empresa subcontratada de Israel", diz, acrescentando que não pode agir sem sua coordenação. Amro tem medo de ambos.

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