"Não sou partidário de que as pessoas se armem e formem grupos para enfrentar a delinquência por isso não dá resultados e às vezes nestes grupos se infiltram delinquentes", disse o presidente esquerdista em sua coletiva de imprensa matinal.
López Obrador se referia a uma publicação do jornal Milenio nesta sexta-feira, segundo o qual opera em Michoacán há oito meses uma organização armada que se autodenomina "Povos Unidos" e assegura ser formada por 3.000 agricultores que cultivam abacates e amoras.
Um dos líderes do grupo assegurou ao jornal que as comunidades decidiram pegar em armas diante da falta de proteção das autoridades frente a sequestros e extorsões de duas organizações do narcotráfico.
A milícia diz operar nos municípios de Salvador Escalante, Ario de Rosales, Nuevo Urecho e Taretan, acrescenta o informe, que inclui fotografias de pessoas encapuzadas e armadas com fuzis.
Nesta região atuam o Cartel Jalisco Nova Geração, um dos mais poderosos, e uma quadrilha conhecida como Os Viagras, que disputam o controle das atividades ilegais nesta região com saída para o Pacífico, de acordo com a publicação.
López Obrador admitiu que em Michoacán há uma "situação de insegurança e violência", mas destacou que enfrentar estes problemas é responsabilidade do governo estatal.
"Sinto desconfiança quando surgem grupos assim. Aparentemente porque não têm segurança (...), mas costuma ocorrer que esta situação é usada para proteger ou acobertar delinquentes", afirmou o presidente.
Em Michoacán e o vizinho estado de Guerrero já operavam ou existiram no passado grupos de autodefesa, como o que surgiu em 2013 para enfrentar os narcotraficantes da Família Michoacana e os Cavaleiros Templários.
Após desmantelar este último grupo, o governo do presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018) obteve um acordo com a autodefesa para incorporá-la a uma polícia comunitária.
A nova milícia diz ser financiada por empresários e produtores de abacate, aos quais "sai mais barato comprar um fuzil do que pagar extorsões", segundo Milenio.
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