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Estado de Minas XANGAI

Em seu centenário, Partido Comunista Chinês continua captando devotos


25/06/2021 09:12

Ele é jovem, diplomado e não questiona o direito do Partido Comunista de governar a China. Aos 29 anos, Wang Ying incorpora os valores buscados entre os novos devotos de uma organização centenária e cada vez mais disciplinada.

"A fé no partido é inabalável. Talvez não como em uma religião, como o budismo, ou o cristianismo, mas como algo que cuida da autodisciplina", explica Wang Ying, que usa um pseudônimo para proteger sua identidade.

Para ele, o Partido Comunista Chinês (PCC) é o único que pode "salvar" a grande potência asiática e mundial.

No centenário de sua fundação em 1º de julho de 1921, depois de mais de sete décadas no poder absoluto na China, o credo do PCC goza de boa saúde entre suas fileiras em constante evolução, de intelectuais a camponeses e proletários a empresários desde a década de 1990.

E, sob Xi Jinping, secretário-geral desde 2012 e presidente chinês um ano depois, o partido, com 92 milhões de membros, silenciou vozes dissidentes e centralizou o poder, apoiado por um sistema de vigilância de tecnologia intrusiva.

- De proletários a diplomados -

Para garantir esse controle e evitar membros problemáticos, o PCC estreitou seus critérios de recrutamento, algo à imagem de empresas privadas.

Se antes o partido recrutava membros com "boas" origens (família operária, ou camponesa), agora é mais elitista e privilegia os jovens diplomados de moral imaculada que devem passar por um processo seletivo de cerca de dois anos.

Vindo de uma família "vermelha", Wang Ying foi pressionado pela avó a se inscrever. Depois de se formar como engenheiro agrônomo, acabou por fazê-lo seduzido pelo prestígio que os novos critérios de seleção conferem.

Em 2019, mais de 50% dos membros do PCC tinham ensino superior, contra 41,6% em 2013. Em contrapartida, trabalhadores e proletários representam apenas 34,8% de suas bases, contra 38,1% há seis anos.

O partido procura, principalmente, jovens que conheceram apenas os anos de crescimento econômico da China desde o final dos anos 1970 e não viveram os erros da era maoísta (1949-1976), responsável por dezenas de milhões de mortes.

Os novos adoradores devoram as lições do "Pensamento de Xi Jinping" em seus locais de trabalho, mesmo em grandes empresas privadas, ou estrangeiras.

"Os membros mais jovens são mais confiantes, ambiciosos e positivos", acredita um membro de 46 anos de sobrenome Song, que está à frente de uma universidade no leste da China.

- "Sim a tudo" -

A gestão da pandemia, a luta contra a corrupção e a poluição, ou a redução da pobreza, repetidamente elogiados pelos meios de comunicação oficiais, têm reforçado a legitimidade do regime, que se afirma herdeiro do "Mandato dos Céus" dos antigos imperadores.

Analistas apontam, no entanto, que esse conformismo limita a criatividade necessária na corrida ideológica e tecnológica com as potências ocidentais.

"É um problema potencial", aponta o sinologista Tony Saich, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

"Se você apenas recrutar pessoas que dizem sim a tudo, isso não leva à atrofia com o tempo?", questiona.

Wang Ying reconhece que, dentro da organização, não há espaço para críticas e que, entre seus compatriotas, não há outra opção senão obedecer ao partido.

Mas, para ele, o PCC pratica "uma democracia centralizada" mais adequada a um país que nunca conheceu o liberalismo ocidental.

Em um partido minado pela corrupção, essa responsabilização é feita por meio de uma avaliação interna das lideranças, julgadas a cada ano por colegas e subordinados, na esperança de garantir sua honestidade.

Desde que Xi Jinping chegou ao poder, pelo menos 1,5 milhão de quadros foram punidos por corrupção, embora alguns suspeitem de que essa política sirva para eliminar a oposição interna ao líder.

Quando os jornalistas estrangeiros falam com os chineses, é difícil encontrar críticas ao regime.

"A democracia chinesa não tem nada a ver com a de outros países", diz Song.

"A China é um grande país, sujeito a catástrofes naturais, e precisa de um poder central forte", afirma esse universitário.

"Antes tínhamos dúvidas" sobre o partido, mas a rota atual "é a que melhor se adapta à China", garante.


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