Em seu próximo informe, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) expõe em detalhes implacáveis e inéditos como as emissões provocadas pela humanidade estão resultando em uma destruição em escala global.
Confira algumas de suas descobertas:
- Sistemas naturais -
O relatório adverte que a recuperação de ecossistemas, cadeias alimentares e da biodiversidade afetados por impactos climáticos drásticos como os que enfrentamos hoje levou milhões de anos e envolveu o surgimento de espécies completamente novas.
- Muitos ecossistemas terrestres, de água doce, oceânicos ou costeiros estão atualmente "perto ou além" dos limites rígidos de sua capacidade de adaptação às mudanças climáticas.
- Com um aquecimento de 2ºC - o Acordo Climático de Paris tem como meta "muito abaixo" disso -, cerca de 15% do permafrost poderia se perder até 2100, liberando entre 36 bilhões e 67 bilhões de toneladas de carbono do solo congelado, um ciclo vicioso que provocará mais aquecimento.
- Eventos cada vez mais extremos combinados com tendências climáticas de longo prazo estão levando os ecossistemas a pontos de inflexão "além dos quais mudanças abruptas e irreversíveis podem ocorrer".
- Espécies -
O informe esclarece que as perspectivas para a vida no planeta são perigosas.
- As taxas de extinção estão se acelerando drasticamente e são estimadas em cerca de mil vezes mais do que antes do impacto das atividades humanas na Terra no século passado.
- Confrontados com o aumento das temperaturas, muitas plantas e animais irão se afastar em centenas de quilômetros de seus hábitats naturais até o fim do século.
- Até 54% das espécies terrestres e marinhas do mundo estarão ameaçadas de extinção neste século, com o aquecimento de 2ºC a 3ºC com base nos níveis pré-industriais. Espécies de alta montanha e insulares estão particularmente em risco.
- Mesmo com o aumento de 2ºC na temperatura, animais polares - como pinguins, focas e ursos - e áreas de rica biodiversidade, como recifes de coral de água quente e manguezais, estarão sob ameaça severa.
- Florestas -
Uma combinação perigosa de temperaturas mais elevadas, aridez e secas significa que as temporadas de incêndios florestais em todo o planeta serão mais longas e áreas com potencial para queimar dobrarão de tamanho.
- Com emissões altas, a seca e os incêndios florestais podem transformar metade da floresta amazônica em savana, um ponto de virada com potencial para liberar carbono.
- Na tundra ártica e na floresta boreal, a área queimada aumentou nove vezes em toda a Sibéria entre 1996 e 2015.
- Restaurar florestas pode estocar carbono e ajudar a reduzir a vulnerabilidade humana às mudanças climáticas. Entretanto, plantar árvores fora das florestas naturais - como em pastagens e savanas - pode prejudicar a biodiversidade e aumentar os riscos climáticos.
- Oceanos -
A última vez que os oceanos viram os níveis de acidificação e esgotamento de oxigênio projetados para 2100 com um cenário de altas emissões ocorreu cerca de 56 milhões de anos atrás.
- Ondas de calor marinhas - que podem danificar e matar corais, florestas de algas marinhas, prados de ervas marinhas e invertebrados - se tornaram 34% mais frequentes e 17% mais longas entre 1925 e 2016.
- Entre 70% e 90% dos recifes de coral do mundo devem diminuir com um aquecimento global limitado a 1,5ºC. Para além disso, eles sofrerão "perdas mais extensas".
PARIS