"Faço um apelo ao governo da Nicarágua para uma mudança urgente no curso de ação que está adotando contra o processo eleitoral", disse Bachelet ao Conselho de Direitos Humanos em Genebra, pedindo para "libertar imediatamente todas as pessoas detidas arbitrariamente".
A ex-presidente chilena pediu para "encerrar qualquer ato de perseguição contra as vozes dissidentes, restabelecer os direitos e liberdades que possibilitam um processo eleitoral livre, credível e igualitário, e revogar a legislação restritiva do espaço cívico e democrático".
Paralelamente à reunião, 59 países, entre eles Estados Unidos, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Panamá, Brasil e Espanha, também pediram para Manágua (capital) libertar os opositores detidos sob leis controversas.
"É provável que essas medidas impeçam a realização de eleições livres e justas", acrescentaram esses países, que pedem para Manágua se "comprometer com a comunidade internacional" e "permitir a presença de observadores eleitorais internacionais".
"Os nicaraguenses merecem eleições livres e justas, mediante um processo transparente e credível, e uma solução pacífica para a crise sociopolítica", concluem as 59 nações.
Diante do Conselho, o chanceler da Nicarágua, Denis Moncada, denunciou as "ações intervencionistas" dos Estados Unidos e das nações europeias, e defendeu que as leis na Nicarágua, que segundo ele são respeitadas, "são semelhantes ou iguais às de qualquer país do mundo".
A cinco meses das eleições gerais, as autoridades do país centro-americano prenderam 19 opositores, entre eles cinco pré-candidatos à presidência, a última a ex-primeira-dama María Fernanda Flores, na segunda-feira.
Todos foram detidos sob uma lei aprovada pelo Congresso oficialista que permite processar aqueles que, na opinião do governo, cometem atos que "ameaçam a independência, soberania" e incitam "a interferência estrangeira".
Essas detenções, segundo os analistas, buscam limpar o caminho para a reeleição de Daniel Ortega para um quarto mandato consecutivo à frente do país.
Ortega, de 75 anos, encara uma crise política desde 2018, depois de manifestações contra o seu governo que deixaram 328 mortos e milhares de exilados, segundo organizações humanitárias.
GENEBRA