Durante uma reunião na quinta-feira do comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, Kim Jong-un resumiu uma estratégia para as relações com Washington e a tendência política da nova administração americana, revelou a KCNA.
Kim "enfatizou a necessidade de se preparar para o diálogo e o confronto e, especialmente, estar bem preparado para o confronto a fim de proteger a dignidade de nosso Estado" e garantir um "ambiente de paz", acrescentou a agência oficial de notícias.
O líder norte-coreano "pediu uma reação rápida e clara para enfrentar a mudança da situação e concentrar esforços para assumir o controle estável da situação na península da Coreia".
Os comentários de Kim indicam uma estratégia de esperar e ver, onde a "bola está no campo americano", para pressionar por um diálogo ou um confronto, comentou à AFP Hong Ming, do Instituto Coreia de Unificação Nacional.
Pyongyang já havia acusado Biden de seguir uma "política hostil" e advertido que seria um "grande erro" do presidente norte-americano dizer que enfrentaria a ameaça do programa nuclear norte-coreano "com diplomacia e dissuasão".
O antecessor de Biden, o republicano Donald Trump, gerou manchetes - embora com pouco progresso prático - com uma série de encontros diretos com Kim, uma política que Biden disse que não seguirá a menos que os termos mudem dramaticamente.
Em uma visita a Washington em maio do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, Biden anunciou que não se encontraria com Kim a menos que houvesse um plano de negociação concreto sobre o arsenal nuclear de Pyongyang.
A Casa Branca disse que buscará uma "abordagem política calibrada", o que no jargão diplomático é entendido como manter a discrição e a mente aberta.
"Entendemos onde esforços anteriores encontraram dificuldades e tentamos aprender com eles", afirmou um alto funcionário da Casa Branca.
A Coreia do Norte executou seis testes de bombas atômicas desde 2006 e enfrenta múltiplas sanções por seus programas de armas proibidas.
Mas o país poderia aceitar uma "redução gradual de seu arsenal nuclear e o congelamento do programa nuclear em troca de um alívio das sanções", opinou Cheong Seong-chang, diretor de Estudos Norte-Coreanos do Instituto Sejong.
Mas um relatório de especialistas americanos do setor de inteligência divulgado em abril destacou que a Coreia do Norte poderia retomar os testes nucleares este ano para forçar o governo Biden a retornar à mesa de negociações.
Kim "poderia adotar algumas ações agressivas e potencialmente desestabilizadoras para mudar o ambiente de segurança regional e provocar divisões entre os Estados Unidos e seus aliados, incluindo a retomada de testes de armas nucleares e de mísseis balísticos", afirmou o gabinete do Diretor de Inteligência Nacional americano.
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