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Estado de Minas ERBIL

Esperanças diminuem para refugiados curdos no Iraque à espera da votação no Irã


17/06/2021 08:56

Bloqueados no Iraque há décadas por falta de documentos, os refugiados curdos do vizinho Irã assistem às eleições desta semana na República Islâmica com pouca esperança de mudança.

Um deles, Behzad Manmudi, ateou-se fogo em maio passado, em frente a uma sede da ONU em Erbil, capital da região autônoma do Curdistão iraquiano.

Sua morte chamou atenção para a situação dos refugiados no Curdistão iraquiano.

"A ONU não quer nos ver, nem ouvir nossos problemas", critica Ashkan Mirani, um curdo iraniano em um acampamento da ONU perto de Erbil.

Há quatro meses, Mirani decidiu partir para a Europa com a esposa grávida e a filha de quatro anos.

Entraram clandestinamente na Turquia, onde embarcaram em um barco no Mar Negro com 120 outros imigrantes.

"Depois de uma hora, fortes ondas começaram a nos atingir. Pensamos que íamos morrer", conta Mirani, de 30 anos.

"Graças aos refugiados afegãos que chamaram a guarda costeira turca (...) fomos resgatados", lembra.

- Vida difícil -

Há uma década, Mirani se juntou ao partido de oposição curdo no Irã, na esperança de melhorar a vida de seu povo.

Mas lá, comenta, "a vida é insuportável, devido às dificuldades econômicas e políticas".

"E aqui não posso prometer à minha família que amanhã será melhor do que hoje. A única solução em que consigo pensar é tentar novamente chegar à Europa", acrescenta.

Hoje ele luta todos os dias para alimentar seus filhos, tarefa que, segundo a ONU, é duas vezes mais difícil para os refugiados do que para os iraquianos, cujas vidas foram castigadas por décadas de guerra e pela pandemia da covid-19.

O Iraque se recusa a conceder cidadania aos refugiados iranianos, mesmo àqueles que estão no país há mais de 40 anos.

Até 2003, sob a ditadura do falecido Saddam Hussein, havia 16 mil refugiados curdos no Iraque, segundo a ONU. Existem hoje mais de 10.700, principalmente no Curdistão iraquiano.

Erbil lhes concede apenas vistos de residência que os autoriza a trabalhar e a viajar dentro das três províncias da região autônoma, se encontrarem um fiador. Bagdá não reconhece esses vistos.

A única saída para eles é obter asilo em um terceiro país, mas poucos candidatos são aceitos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

- Faces da mesma moeda -

Sawen Goran, de 29 anos, nasceu em Erbil depois que seus pais emigraram do Irã.

"Meu pai morreu sem poder retornar ao Irã", conta à AFP. "Temo que um dia meus filhos dirão o mesmo de sua mãe e de seu pai".

Mas ela não consegue conceber o retorno ao seu país sem uma mudança de regime.

Para Sawen, essa é uma opção, na qual "ninguém acredita".

Com o ultraconservador Ebrahim Raisi como o favorito na eleição presidencial iraniana desta sexta-feira (18), Mustafa Ibrahim e sua esposa, Fatima Pirozee, não têm esperança no resultado.

"Todos os candidatos são faces da mesma moeda, nada vai mudar. No Irã, eleição após eleição, as condições só pioram", diz Ibrahim, de 67 anos, 40 deles como refugiado político no Iraque.

Oito anos atrás, Ibrahim chegou a acreditar que a mudança seria possível, quando o então candidato Hassan Rohani prometeu incluir a educação curda nas escolas para ajudar a desenvolver as regiões curdas.

Nada aconteceu depois que Rohani chegou ao poder, de acordo com Ibrahim.

Sua esposa está mais preocupada com as negociações em torno do programa nuclear iraniano.

"O regime iraniano oprimirá mais seu povo, se as sanções econômicas forem suspensas", assegura.

"Mais dinheiro para o regime iraniano significa mais apoio às milícias iranianas na região", alerta.


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