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Estado de Minas BOGOTÁ

Comitê de Greve na Colômbia anuncia suspensão temporária de protestos


15/06/2021 19:19 - atualizado 15/06/2021 19:27

O Comitê Nacional de Greve na Colômbia - a frente mais visível dos protestos que explodiram em 28 de abril passado contra o presidente Iván Duque - anunciou nesta terça-feira (15) a suspensão das mobilizações até 20 de julho.

"Vamos fazer uma interrupção temporária das mobilizações recorrentes que temos feito às quartas-feiras em todo país", disse à Blu Radio Francisco Maltés, um dos porta-vozes da organização, que não representa todos os setores insatisfeitos.

O Comitê convocou para 20 de julho um show e uma "grande mobilização" no Congresso "para entregar projetos de lei", informou Maltés, também presidente da Central Única de Trabalhadores.

Projetos de lei no país podem ser apresentados por membros do Congresso ou endossados por assinaturas.

Sindicatos, estudantes, indígenas e organizações sociais compõem o Comitê, surgido em 2019, que deu origem ao inédito movimento de protesto contra Duque que mantém pressão nas ruas, com alguns intervalos.

- Repressão policial -

A organização dos manifestantes tinha interrompido no início de junho as conversas que mantinha desde o início de maio com o governo Duque sem chegar a um acordo para desativar a crise.

"Como o Comitê de Greve não representa toda a população (...) que protestou, manteremos todos os demais espaços com as demais representatividades", declarou nesta terça-feira o assessor presidencial Emilio Archila, em áudio enviado à imprensa.

Em pleno auge de contágios e mortes pela covid-19, diariamente os manifestantes tomam as ruas para exigir ao presidente uma mudança de rumo em suas políticas, o cessar da repressão policial e um Estado mais solidário diante dos estragos causados pela pandemia, que arrastou para a pobreza 42% da população.

Pelo menos 61 pessoas morreram desde o início dos protestos, segundo autoridades e a Defensoria do Povo, que zela pelos direitos humanos. Dois dos mortos eram membros das forças de ordem.

Duque desencadeou a revolta popular quando quis aumentar os impostos para, segundo o governo, financiar a ajuda aos mais afetados pela pandemia. O presidente desistiu da ideia, mas a repressão alimentou ainda mais o descontentamento.

Segundo o ministério da Defesa, cerca de 2.500 pessoas, entre civis e membros das forças públicas, ficaram feridas nesse contexto.

As mobilizações são na maioria pacíficas durante o dia, mas à noite costumam se tornar violentas, com fortes confrontos entre civis e policiais.

ONU, Estados Unidos, União Europeia e ONGs denunciaram graves excessos cometidos pelas forças públicas.

Segundo a Human Rights Watch, há "denúncias confiáveis" sobre 34 mortes no âmbito dos protestos, das quais 20 aparentemente ocorreram nas mãos de policiais. Entre elas, 16 foram a tiros disparados com a intenção de matar.

- "Mudança de tática" -

Para negociar, o Comitê exigia de Duque uma condenação explícita da brutalidade policial e um pedido de desculpas pelos excessos da força pública.

Por sua vez, o governo defendeu o fim dos bloqueios de estradas como condição para o avanço das negociações. Os bloqueios de estradas estão se dissolvendo, embora nesta terça-feira persistissem 15.

"Confiamos que o anúncio feito hoje ajudará todos os colombianos a continuarem unidos na condenação de todos os bloqueios e principalmente das terríveis consequências que eles produzem", ressaltou Archila.

O comitê alegou falta de "vontade política" por parte do governo e apresentou o anúncio como "uma mudança de tática" para continuar sua "luta em outros ambientes, como a arte, os shows".

Sem dar detalhes sobre os projetos de lei que serão apresentados ao Congresso no dia 20 de julho, Dia da Independência da Colômbia, a comissão garantiu que durante este mês irá recolher as reivindicações da "comunidade".

No poder desde 2018, o presidente enfrenta a revolta popular a um ano das eleições nas quais deverá ser escolhido seu sucessor. Um eventual acordo com o Comitê Nacional de Greve é visto como um passo para pôr fim à crise, embora não para uma solução definitiva.

O governo pediu aos porta-vozes dos manifestantes que parassem com as mobilizações, quando o país bate recordes diários de mortes pela covid-19 e seus hospitais estão sob pressão máxima.


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