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Estado de Minas LEESBURG

A luta pelo ensino antirracista nas escolas americanas


14/06/2021 14:33

"Estão preparados para recuperar o controle de nossas escolas?", grita em uma manifestação Patti Menders, uma ativista republicana que denuncia programas escolares antirracistas que, segundo ela, ensinam as crianças brancas a se verem como "opressores".

"Sim!", responde a centena de manifestantes reunidos no fim de semana no condado de Loudoun, um subúrbio rico de Washington abalado pela última batalha da "guerra cultural" nos Estados Unidos.

Depois de sua ofensiva contra o aborto e os transexuais, os conservadores nos últimos meses se engajaram na luta contra a "teoria crítica da raça", que, segundo eles, está ganhando terreno nas escolas públicas do país.

O termo define uma escola de pensamento que surgiu nas faculdades de direito dos Estados Unidos no final dos anos 1970 e que analisa o racismo como um sistema, com suas leis e lógicas de poder, em vez de preconceitos individuais.

Seus detratores a usam como uma expressão que simplifica os esforços dos professores para abordar os episódios sombrios da história americana, como a escravidão e a segregação, e para combater os estereótipos raciais.

Elizabeth Perrin, uma mãe do condado de Loudoun, acredita que as crianças são ensinadas desde os 7 anos "a olhar para tudo através do prisma da cor da pele, não da personalidade" e "a ter vergonha de serem brancas", "ver a si mesmas como opressores contra os oprimidos".

- "Revolução" -

Seu discurso faz eco do compartilhado pelo ex-presidente republicano Donald Trump, que no ano passado deu fim ao treinamento de diversidade para os funcionários federais sobre criado por seu antecessor Barack Obama.

"Eles estão ensinando às pessoas que este país é horrível, racista, estão aprendendo a odiar o país", afirma Trump, denunciando "uma revolução radical em andamento no exército, nas escolas etc".

Desde então, ao menos 16 estados republicanos, incluindo o Texas e a Flórida, aprovaram ou estão em processo de aprovação de leis que proíbam as escolas públicas de lecionarem a "teoria racial crítica", correndo o risco de perderem seu financiamento.

Embora vagas, as leis "deixam os professores muito nervosos", afirma Dorinda Carter Andrews, que dirige o departamento de educação da Universidade Estatal de Michigan.

"Eles se perguntam como podem falar sobre a questão racial", explica.

A questão naturalmente se "infiltrou" nas escolas após as grandes manifestações ocorridas após a morte do afroamericano George Floyd em maio de 2020, observa.

Assistindo a essa onda antirracista, as autoridades escolares começaram a treinar e pensar sobre novos currículos, deixando alguns pais "desconfortáveis", ressalta a mulher afroamericana.

- Debate político -

"Meus filhos falam sobre racismo o tempo todo", conta à AFP uma mulher branca de 40 anos, que não quis se identificar, como a maioria dos manifestantes.

"É como, 'ei, eles são racistas'. Isso vem da escola, tem que parar", protesta.

"A supremacia branca é real", respondeu Liz Carroll, uma contra-manifestante que escreveu essas palavras em um cartaz no sábado.

Essa mãe branca se diz "constrangida" com a atitude de seus vizinhos, que interrompem todas as reuniões das autoridades escolares, fazem petições, manifestam-se, concedem entrevistas à imprensa conservadora e dão entrada à causas judiciais para promover sua opinião.

Em outros lugares, o clima também está tenso. Na semana passada, alunos de um colégio de Long Island, no interior do estado de Nova York, foram vaiados por exigirem, entre outras coisas, que os livros do currículo escolar incluíssem mais autores negros.

Uma professora de uma escola particular em Nova Jersey pediu demissão com raiva, acusando sua escola de "obrigar os alunos a adotarem o status de privilegiados ou vitimizados".

"A maioria dos críticos da teoria crítica da raça nunca a leu", ressalta Jamel Donnor, um professor de ciências da educação da Virginia, que considera todo esse debate político.

"Os republicanos precisam dessa batata quente para manter sua base energizada", finaliza.


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