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Estado de Minas ARGEL

Argelinos elegem deputados em clima de repressão


12/06/2021 10:43

Os eleitores argelinos vão às urnas, neste sábado (11), para escolher seus deputados em eleições legislativas antecipadas, rejeitadas pelo movimento de protesto Hirak e por parte da oposição, em um contexto de repressão.

O nível de participação será decisivo, após as consultas eleitorais anteriores - a eleição presidencial de 2019 e o referendo constitucional de 2020 - marcadas por uma abstenção histórica.

A votação terminará às 19h00 (15h00 de Brasília) e os resultados oficiais não são esperados até domingo.

Como de costume, os eleitores não pareciam apressados esta manhã em Argel, onde o comparecimento é tradicionalmente baixo, de acordo com jornalistas da AFP.

"Nunca votei e desta vez será a mesma coisa. Não acho que as coisas possam mudar", disse à AFP Fatiha, uma comerciante de 50 anos.

"Votei pela estabilidade do país. Estamos cercados de perigo. Aqueles que rejeitam a votação não oferecem alternativa realista", defendeu Hamid, um executivo de 60 anos.

Em Kabylia, uma região rebelde onde a participação foi quase zero durante as consultas eleitorais anteriores, a grande maioria dos centros de votação não abriu em Béjaïa e Tizi Ouzou, de acordo com Saïd Salhi, vice-presidente da Liga Argelina para a Defesa dos Direitos Humanos (LADDH).

Esta são as primeiras legislativas desde o levante popular sem precedentes e pacífico, nascido em 22 de fevereiro de 2019 da rejeição de um 5º mandato do presidente Abdelaziz Bouteflika, que foi levado quase dois meses depois a renunciar após 20 anos de reinado.

Ao final de uma campanha apática, os partidos pró-governo apelaram à participação na votação, enquanto o Hirak, que clama, em vão, por uma mudança radical do "sistema" de governança em vigor desde a independência (1962), denunciou uma "farsa eleitoral". A oposição laica e de esquerda boicota a votação.

O regime está determinado a impor sua vontade eleitoral, ignorando as reivindicações do Hirak - Estado de direito, transição democrática, soberania popular, justiça independente.

"Para mim, o comparecimento não importa. O que importa é que aqueles em quem o povo vota tenham legitimidade suficiente", disse o presidente Abdelmadjid Tebboune, dizendo que estava "otimista" depois de ter votado em Argel.

Cerca de 24 milhões de argelinos são chamados a eleger os 407 deputados da Assembleia Nacional para um mandato de cinco anos. Eles devem escolher entre cerca de 1.500 listas, mais da metade das quais "independentes".

É a primeira vez que um número tão grande de independentes se apresenta contra candidatos endossados por partidos - amplamente desacreditados e responsabilizados pela crise no país.

Os vencedores das legislativas de 2017, a Frente de Libertação Nacional (FLN) e a Reunião Democrática Nacional (RND), associados à era de Abdelaziz Bouteflika, estão hoje desacreditados.

Com a aproximação das eleições, o chefe do Estado-Maior do Exército, o general Saïd Chengriha, advertiu contra "qualquer plano ou ação que vise perturbar" a votação.

Considerado a fachada civil da instituição militar, o governo tem feito esforços nos últimos meses para reprimir os protestos, proibindo manifestações e aumentando as prisões e processos judiciais contra opositores, ativistas, jornalistas e advogados.

Três figuras do Hirak presas na quinta-feira - o opositor Karim Tabbou, Ihsane El Kadi, diretor de uma estação de rádio, e o jornalista independente Khaled Drareni - foram libertados nesta madrugada.

Estimando já ter respondido às reivindicações do Hirak, o governo negou durante vários meses qualquer legitimidade a este movimento, que acusa de ser instrumentalizado por "partes estrangeiras".

"Estas eleições honestas e transparentes vão derrotar todas as maquinações diabólicas fomentadas (contra a Argélia)", assegurou neste sábado o porta-voz do governo, Amar Belhimer.

Cerca de 222 pessoas estão atualmente presas por atos relacionados ao Hirak liberdades individuais, de acordo com o Comitê Nacional para a Libertação de Detidos.

Para a organização Human Rights Watch, que denuncia uma "assustadora escalada repressiva", "as vagas promessas de abertura e diálogo do presidente (Abdelmadjid) Tebboune são estilhaçadas contra a realidade da repressão".


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