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Estado de Minas RIADE

Julgamento nos EUA revela desaparecimento de ex-príncipe saudita


09/06/2021 10:34

Um processo americano que envolve o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, por um caso de suposta violação de um contrato, trouxe à tona inesperadamente algo a mais: o desaparecimento de seu principal rival.

Mohamed bin Salman se tornou o governante de fato do reino (seu pai, o rei, é idoso e está doente) e lidera uma implacável repressão contra os opositores, inclusive dentro de sua própria família.

Derrubado em 2017 em benefício de Mohamed bin Salman (apelidado MBS), seu primo, o deposto príncipe herdeiro Mohamed ben Nayef, não é visto em público desde que foi detido em março do ano passado.

No entanto, em junho de 2020 o empresário saudita Nader Turki Aldossari apresentou uma denúncia em nome de seu filho, um cidadão americano, contra Mohamed ben Nayef e outras entidades sauditas, alegando que eles violaram um contrato de décadas relacionado a um projeto de refinaria em Santa Lúcia (ilha do Caribe).

Mas como levar à Justiça um príncipe desaparecido? A denúncia acabou sendo alterada para incluir MBS, indicando que ao colocar seu primo sob "prisão domiciliar" e confiscar seus bens, o impediu de cumprir com suas obrigações contratuais.

- "Prisioneiro" -

Em março, o advogado do príncipe herdeiro propôs fornecer o endereço de Mohamed bin Nayef "confidencialmente", afirmando em um documento judicial que estava sob ameaça de "terrorismo" devido ao seu antigo cargo de ministro do Interior do reino, mas sem mencionar que foi detido.

"Nayef é um verdadeiro prisioneiro da Arábia Saudita", declarou James Tallman, advogado de Aldossari, em um documento.

Na Pensilvânia, um tribunal americano rejeitou no mês passado as acusações de violação de contrato neste caso, deixando sem resposta a pergunta de onde está o ex-príncipe herdeiro.

Tallman pretende recorrer e se opor à proibição de viagem para seu cliente. Nader Turki Aldossari não tem direito a sair do reino, segundo cartas de seu advogado ao presidente Joe Biden e a outros altos cargos americanos, às quais a AFP teve acesso.

De acordo com seu advogado, a proibição de sair do país "poderia levar à prisão".

As autoridades sauditas não comentaram publicamente a detenção de Mohamed Ben Nayef, considerado durante muito tempo o aliado saudita mais confiável da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos. Segundo diversas fontes, o governo o acusa de corrupção e deslealdade.

- "Sem advogado" -

Em um relatório publicado em dezembro passado, um grupo de investigação parlamentar britânico considerou que Mohamed bin Nayef "não pôde contestar sua detenção a um juiz independente e imparcial e não tem acesso a um advogado".

Os advogados de Squire Patton Boggs, um escritório de advocacia internacional com sede em Washington, afirmaram recentemente que representam o príncipe desaparecido, enquanto trabalhavam para seu primo MBS.

Foram contratados diretamente pelo primeiro? Têm acesso a ele? Como podem representar simultaneamente os dois rivais? O gabinete não respondeu as perguntas da AFP.

"Esses advogados nunca representaram (Mohammed ben Nayef) antes", afirmou à AFP uma fonte que está em contato direto com a equipe jurídica do príncipe, com sede na Europa.

"Ele nunca se reuniu com eles e não sabemos como poderiam ter acesso a ele, já que teve o acesso negado aos seus advogados de muito tempo, a um processo judicial regular ou a qualquer forma de comunicação com o mundo externo", afirmou.


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