Mianmar está mergulhada no caos e com a economia paralisada desde que a junta militar derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi, acusando-a de fraude na clara vitória eleitoral de seu partido nas eleições de 2020.
Desde então, as forças de segurança têm reprimido violentamente o movimento de protesto, com centenas de mortos e prisões.
Os conflitos se exacerbaram em várias áreas do país, especialmente naquelas com um alto número de mortos nas mãos da polícia e do Exército, e algumas comunidades locais formaram "forças de defesa".
Confrontos recentes e "os ataques indiscriminados das forças de segurança contra áreas civis" forçaram cerca de 100 mil pessoas a deixar o estado de Kayah, na fronteira com a Tailândia, disse nesta terça o escritório da ONU em Mianmar.
As populações que vivem nas áreas afetadas por estes combates têm "necessidades urgentes" de comida, água, abrigo e cuidados de saúde, acrescentou, criticando que as restrições impostas pelas forças de segurança atrasam a distribuição de ajuda humanitária.
A população local do estado de Kayah, no leste do país, acusa a junta militar de disparar projéteis de artilharia contra aldeias.
Imagens da AFP na área mostram civis construindo armas em oficinas improvisadas, onde grupos de defesa locais enfrentam o Exército birmanês.
Mais de 800 pessoas morreram como resultado da repressão da junta militar golpista contra os dissidentes, de acordo com um grupo de monitoramento local.
Após o golpe, a economia e o sistema bancário foram paralisados. Muitos cidadãos também perderam seu sustento em decorrência das greves e do fechamento de fábricas. Os preços do petróleo dispararam e as filas são cada vez maiores em frente aos bancos onde os afortunados que têm alguns recursos tentam sacar seu dinheiro.
A Cruz Vermelha indicou que estava multiplicando seus esforços para atender às necessidades de 236.000 pessoas em Mianmar, que já sofria com a pandemia da covid-19 antes do golpe.
O anúncio foi feito após um raro encontro entre o presidente da organização, Peter Maurer, e o líder da junta, Min Aung Hlaing, onde pediu acesso humanitário ao país.
YANGON