A instituição com sede em Washington elevou sua previsão de crescimento global para 5,6% - 1,5 ponto acima do projetado em janeiro e a recuperação pós-recessão mais rápida em 80 anos, de acordo com o último relatório "World Economic Outlook".
No entanto, o banco alerta que muitos países, especialmente os pobres, estão ficando para trás e levarão anos para retornar aos níveis anteriores à pandemia.
Para a América Latina e o Caribe, a atividade econômica deve crescer 5,2% em 2021 e 2,9% em 2022.
"A retomada do crescimento a curto prazo não pode compensar a pobreza que a pandemia infligiu aos mais pobres e seu impacto desproporcional sobre os grupos vulneráveis", disse o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass.
"Esforços globais coordenados são essenciais para acelerar a distribuição de vacinas e o alívio da dívida, especialmente para países de baixa renda".
E embora a inflação não seja vista como um fator importante, o aumento dos preços cria outro desafio para os formuladores de políticas, especialmente nos mercados emergentes, que tentam reordenar suas economias e administrar o aumento dos níveis de dívida.
Por meio do G20, o Banco Mundial e o FMI impulsionaram a iniciativa de suspender o serviço da dívida de dezenas de países de baixa renda. Mas esse dispositivo expira no final do ano.
- Mais de 100 milhões na pobreza extrema -
O Banco Mundial cortou suas previsões para cerca de 40% dos mercados emergentes e nações em desenvolvimento e, excluindo a China, essas nações crescerão apenas 4,4%.
O relatório também reduziu a previsão para países de baixa renda para este ano e no próximo, e estes devem crescer apenas 2,9%, o crescimento mais lento em duas décadas, com exceção de 2020.
"Até o final deste ano, a expectativa é que mais de 100 milhões de pessoas tenham voltado à pobreza extrema", alerta o Banco.
"Esta é a história de duas recuperações", disse à AFP o economista do Banco Mundial Ayhan Kose, observando que a maioria das economias não retornará aos níveis pré-pandemia até 2023 ou depois.
Os Estados Unidos verão um crescimento que não experimentava há décadas, de 6,8%, mais de três pontos a mais que em janeiro, enquanto a China crescerá 8,5% e a Índia, 8,3%, segundo o relatório.
"As economias avançadas estão tendo seus melhores dias, os países de baixa renda os piores", resumiu Kose.
A chave é garantir que todos os países tenham amplo acesso às vacinas, disse ele.
Até agora, apenas 0,3% das pessoas em países de baixa renda receberam pelo menos uma dose da vacina contra o coronavírus.
- Inflação, aumento da dívida -
"Será absolutamente essencial vacinar, vacinar rapidamente e vacinar em todos os lugares", afirmou, observando que o crescimento global em 2022 pode acelerar para 5,0% (de 4,3% atualmente previstos) se a distribuição da vacina aumentar.
Enquanto isso, a inflação nos Estados Unidos cria medo nos mercados financeiros, já que os investidores temem que a recuperação dos preços nos estágios iniciais da recuperação possa levar o Federal Reserve e outros bancos centrais a agir mais rapidamente para aumentar os custos dos empréstimos.
Isso teria um efeito cascata no resto do mundo, onde governos e empresas viram a dívida aumentar e as classificações da dívida cair.
O aumento da inflação pode forçar os mercados emergentes e as economias de baixa renda a aumentar as taxas de juros, antes que se recuperem totalmente.
Kose disse que "cooperação internacional" de governos e credores privados será necessária para lidar com "problemas de liquidez e solvência, especialmente em países de baixa renda".
Embora esteja atualmente em um pico em comparação com as quedas acentuadas nas primeiras semanas da pandemia, o relatório diz que a inflação nos países avançados deve recuar e permanecer dentro de limites aceitáveis.
Mas os países de baixa renda estão lutando com o aumento dos preços dos alimentos, que respondem por cerca de metade do consumo das famílias.
E isso tem levado a uma crescente insegurança alimentar nessas nações, alertou o Banco.
"As tentativas de baixar os preços dos alimentos por meio de subsídios ou controles de exportação correm o risco de elevar os preços mundiais dos alimentos", apontou.
WASHINGTON