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Estado de Minas OTTAWA

Ministro critica falta de desculpas do Papa por abusos contra indígenas no Canadá


02/06/2021 21:55 - atualizado 02/06/2021 22:03

O ministro de Serviços Indígenas do Canadá chamou de "vergonhoso" que o Papa não tenha se desculpado formalmente pelos abusos ocorridos nas instituições para aborígenes dirigidas pela Igreja Católica no país, que classificou como "campos de trabalho".

Os comentários de Marc Miller aludem à recente descoberta de 215 túmulos de crianças em Kamloops, uma das 139 residências escolares que funcionaram há um século para integrar à força as comunidades indígenas.

Questionado se apoia o movimento por um pedido de desculpas do Papa Francisco e da Igreja Católica, o ministro respondeu afirmativamente. Essas solicitações datam de 2015, quando foi publicado o relatório de uma Comissão de Verdade e Reconciliação.

"Acho vergonhoso que não o tenham feito, que isso não tenha sido feito até agora", disse Miller. "Deve ser feito. Há uma responsabilidade que recai diretamente sobre os ombros do Conselho Canadense de Bispos".

A ministra canadense de Relações Indígenas, Carolyn Bennett, também disse que um pedido de desculpas papal é necessário para "desbloquear a cura" nas comunidades indígenas. "Eles querem ouvir o Papa se desculpar", disse, exortando os católicos do Canadá a "pedirem à sua Igreja" que o faça.

Horas após a declaração do ministro, o arcebispo de Vancouver, Michael Miller, desculpou-se por conta própria nas redes sociais. "À luz da revelação desgarradora dos restos de 215 crianças da antiga escola de Kamloops, escrevo a vocês para oferecer minhas mais sinceras desculpas e profundas condolências às famílias e comunidades devastadas por essa notícia terrível", declarou Miller em comunicado.

O prelado se comprometeu com uma "transparência total" em relação ao assunto, tornando acessíveis os arquivos e registros da Arquidiocese de todos os internatos.

A Kamloops Indian Residential School foi o maior dos internatos estabelecidos no final do século 19 para integrar os povos indígenas do Canadá, com até 500 alunos matriculados e cursando simultaneamente. Funcionou de 1890 a 1969, quando Ottawa continuou sua administração e a fechou definitivamente uma década depois.

Cerca de 150.000 crianças ameríndias, mestiças e inuítes foram recrutadas à força para essas escolas, onde foram separadas de suas famílias, de sua língua e de sua cultura. Eles foram abusados física e sexualmente por autoridades e professores.

De acordo com o ministro Marc Miller, "esses eram campos de trabalho forçado". "Então, chamá-los de escolas é provavelmente um eufemismo".

Em 2009, uma delegação de líderes indígenas se encontrou em particular com o Papa Bento XVI, que "expressou pesar" pelos danos aos povos indígenas. Embora a declaração de pesar tenha sido recebida pelo grupo como "significativa", eles consideraram que a mesma não correspondia a um pedido de desculpas oficial.


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