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Estado de Minas WASHINGTON

Apesar do trauma com ataque ao Capitólio, Congresso não consegue acordar investigação


28/05/2021 19:09

Apesar do profundo trauma provocado nos Estados Unidos pelo violento ataque ao Capitólio por partidários do ex-presidente Donald Trump, democratas e republicanos não conseguiram alcançar um consenso nesta sexta-feira (28) para instaurar uma comissão de investigação independente.

O fracasso pôs em destaque as profundas divisões nos Estados Unidos quase cinco meses após a invasão em 6 de janeiro e a profunda influência que o republicano Trump continua exercendo em seu campo.

"O povo americano tem mais disposição de se unir, acredito, do que o Congresso e os legisladores", disse o presidente democrata, Joe Biden, nesta sexta.

Eram necessários dez votos republicanos, somados aos 50 democratas no Senado para superar uma votação de procedimento e chegar à votação final sobre a comissão de investigação, já aprovada pela Câmara de Representantes.

Apenas seis republicanos votaram a favor, enquanto o restante, alinhado ao seu líder no Senado, Mitch McConnell, considerou que a comissão seria um "exercício puramente político" que não aportaria nada às investigações policiais já em andamento, com quase 450 detenções.

Em 19 de maio, apenas 35 dos 211 republicanos da Câmara de Representantes tinham votado a favor.

No entanto, segundo seus defensores, a comissão teria incluído cinco membros eleitos pelos democratas e outros cinco pelos republicanos, exatamente igual à criada após os ataques de 11 de Setembro de 2001, que teve forte apoio dos dois partidos.

Mas a situação é muito diferente e os Estados Unidos estão ultradivididos após quatro anos do mandato de Trump.

- Acender "o pavio" -

O bilionário nunca reconheceu explicitamente sua derrota nas eleições presidenciais de 3 de novembro.

Mais de quatro meses após deixar a Casa Branca, em 20 de janeiro, ele continua afirmando que foi roubado nas eleições, apesar do fracasso de todas as suas ações judiciais para denunciar a suposta fraude maciça.

"Parem o roubo!", foi o lema repetido por milhares de seus simpatizantes ao se reunirem em frente à Casa Branca no dia do ataque.

Em seguida, várias centenas destes simpatizantes entraram à força no Capitólio, onde os legisladores certificavam a vitória do seu adversário, Joe Biden.

No enfrentamento, que deixou vários mortos, os legisladores tentavam fugir dos agitadores enquanto o pessoal de segurança armado tentava proteger o recinto.

Momentos antes, o presidente em fim de mandato os instou a "lutar como o demônio".

Para os democratas, não há dúvidas, Trump "acendeu o pavio" da violência.

Acusado de "incitar a insurreição" pela Câmara de Representantes, o ex-presidente foi absolvido pelo Senado em fevereiro ao final de um processo de impeachment, devido à falta de votos do lado republicano.

No entanto, os dirigentes do seu partido no Congresso destacaram a "responsabilidade" do ex-presidente no atentado, enquanto insistiam em que o Senado não tinha competência para julgá-lo.

- Eleições em jogo -

Apesar disso, agora a maioria dos republicanos está decidida a virar a página, com um objetivo em mente: as eleições de meio de mandato de novembro de 2022, nas quais esperam recuperar o controle das duas Câmaras do Congresso.

Calvin Jillson, professor de ciência política da Southern Methodist University de Dallas, valia que os líderes do Partido Republicano fizeram uma "aposta":

Assumir hoje a enxurrada de críticas por bloquear esta comissão independente ao invés de responder às conclusões potencialmente embaraçosas de seu relatório, previsto para 31 de dezembro e que se tornaria "o centro das atenções" no começo de 2022, quando terá começado a longa campanha para as eleições legislativas.

Por outro lado, "temem incomodar a base [eleitoral] de Donald Trump se forem proativos demais no exame dos acontecimentos de janeiro", concorda Capri Cafaro, professora da American University e ex-legisladora democrata por Ohio.

Mitch McConnell admitiu seus objetivos eleitorais: no outono (no hemisfério norte) de 2022, os americanos "precisam se concentrar no que esta administração [Biden] está fazendo pelo país".

Partidária de uma comissão, a senadora republicana pelo Alasca Lisa Murkowski expressou nesta quinta sua indignação pela "decisão" de seus dirigentes de "se concentrarem nos benefícios políticos de curto prazo ao invés de admitir o que aconteceu em 6 de janeiro".

"É isso o único que nos importa? Um ciclo eleitoral atrás do outro?".


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