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Estado de Minas BEIRUTE

Bashar al-Assad, um autocrata frio e sem remorso


24/05/2021 15:05

O presidente sírio Bashar al-Assad, que será reeleito para um quarto mandato na quarta-feira, é um autocrata frio, endurecido por um conflito que dilacerou seu país por mais de 10 anos e que já é o mais mortal neste início do século.

Em reuniões oficiais, conversas ou visitas à linha de frente, esse homem de 55 anos costuma falar em tom calmo, mas firme, pontuado por pausas e esboços de sorrisos.

Mesmo no auge da guerra civil, ele permaneceu inabalável, convencido de sua capacidade de reprimir uma rebelião que denunciou como "terrorista" e o resultado de "um complô" para derrubá-lo por países inimigos.

Sua vitória certa nas eleições presidenciais será mais um golpe para a oposição que espera por sua queda.

Com a sua campanha sob o lema "Esperança pelo trabalho", Assad pretende afirmar-se como o único arquiteto da reconstrução de que o seu país necessita desesperadamente.

"Bashar al-Assad é uma personalidade única e complexa. Sempre que o encontrei, ele estava calmo, mesmo nos momentos mais críticos e difíceis da guerra", disse um jornalista sob anonimato.

"São exatamente as características de seu pai", Hafez al-Assad, que governou a Síria com mão de ferro por 30 anos.

Bashar al-Assad "conseguiu tornar-se indispensável. Na política, é importante saber embaralhar as cartas e ele soube controlar o jogo", continua.

- Sem concessões -

Oftalmologista formado no Reino Unido, Bashar al-Assad viu seu destino mudar com a morte, em um acidente de trânsito em Damasco, em 1994, do "herdeiro político" Basel, seu irmão mais velho.

Ele foi então forçado a deixar Londres, onde conheceu sua esposa Asma, uma sírio-britânica que trabalhava na 'City' para JP Morgan.

Ele fez um curso militar antes de se iniciar nos assuntos políticos com seu pai.

Após a morte de Hafez al-Assad em 2000, ele o sucedeu após um referendo e foi reeleito em 2007.

Então, com apenas 34 anos, representou uma figura reformista, ágil para iniciar a liberalização econômica e uma relativa abertura política do país.

Começou injetando uma tímida dose de liberdade, mas a "Primavera de Damasco" teve vida curta. Os opositores seriam rapidamente silenciados e presos.

Quanto à abertura econômica, viu-se o surgimento de um monopólio da riqueza e, portanto, as desigualdades sociais se aprofundaram.

Quando, no marco da Primavera Árabe, estourou a revolta em seu país em março de 2011, ele a reprimiu implacavelmente, causando uma militarização do levante que se transformou em conflito armado.

Em mais de dez anos de guerra com saldo provisório de mais de 388.000 mortos, ele não faz concessões para dividir o poder, o que confirma seu caráter severo.

- Ternos bem cortados -

No entanto, fisicamente, Bashar al-Assad não corresponde à imagem tradicional do ditador.

Muito raramente em uniforme militar, ele prefere ternos bem cortados, gravatas discretas e parece mais um alto executivo.

Pai de dois meninos e uma menina, ele não mudou muito seus hábitos diários durante a guerra, segundo pessoas próximas a ele.

"Às vezes ele mesmo acompanha as lições dos filhos e faz questão de manter uma relação direta com eles", diz o jornalista que já esteve com ele várias vezes.

Graças ao apoio de seus padrinhos iranianos e russos, ele conseguiu recuperar dois terços do território de seu país.

Internamente, graças à sua "perseverança e rigor", conseguiu "monopolizar o poder de decisão e garantir o apoio absoluto do exército", explica um pesquisador em Damasco.

Atualmente, sua equipe eleitoral busca transmitir a imagem de um estadista moderno, trabalhador e voltado para o futuro.

As fotos o mostram trabalhando em seu gabinete, participando de uma campanha de reflorestamento, visitando uma fábrica ou posando com soldados na linha de frente.

"Assad está prestes a se tornar o ex e o próximo presidente da Síria", resume Nicholas Heras, do Newlines Institute, em Washington. Está fazendo de tudo, assim como seus aliados, "para impor essa realidade".


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