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Estado de Minas MADRI

Isabel Díaz Ayuso, heroína conservadora e rival de Pedro Sánchez na Espanha


04/05/2021 20:08

Grande vencedora das eleições regionais de Madri, Isabel Díaz Ayuso se estabeleceu nesta terça-feira (4) como uma estrela ascendente da direita na Espanha e contraponto do governo de esquerda de Pedro Sánchez.

Apenas dois anos depois de chegar como uma desconhecida à presidência da região mais rica da Espanha, Díaz Ayuso impulsionou seu Partido Popular (PP), que dobrou o resultado obtido em 2019, passando de 30 para 65 das 136 cadeiras no Parlamento regional.

"Hoje começa um novo capítulo na história da Espanha, porque hoje, a partir de Madri, (...) vamos recuperar o orgulho, (...) a convivência, a unidade e a liberdade de que a Espanha precisa", comemorou Diaz Ayuso emocionada diante de centenas de apoiadores.

Formada em jornalismo, a mulher de 42 anos estava no poder havia apenas meio ano quando a região de 6,7 milhões de habitantes se tornou o epicentro da primeira onda da pandemia no país.

Jogada com pouca experiência ao centro de uma crise histórica, Díaz Ayuso rapidamente emergiu como uma política de estilo agressivo com seus rivais, sistematicamente se colocando como oposição à gestão de Sánchez.

Para surpresa de muitos, em março ela rompeu sua coalizão com o partido de centro Cidadãos e convocou eleições antecipadas na esperança de capitalizar as simpatias conquistadas por sua objeção às restrições recomendadas pelo governo central.

Embora Madri tenha o maior número acumulado de infecções e mortes no país, Díaz Ayuso manteve bares e restaurantes abertos, tornando-se uma heroína para os donos de restaurantes que batizaram pizzas e cervejas em sua homenagem.

Sob a bandeira "tudo aberto", ela forjou um regionalismo inusitado em Madri, apresentando a região como a "capital da liberdade": "Este estilo de vida madrilenho é único", disse ela em março, ao convocar eleições.

Durante a campanha, não hesitou em apresentar os benefícios dessa "vida madrilenha", de tomar uma cerveja ao sair do trabalho até poder ir à missa e às touradas, ou ainda "mudar de empresa ou de parceiro e nunca mais encontrá-lo de novo".

"Isso também é liberdade", afirmou ela em uma entrevista de campanha que rapidamente viralizou nas redes sociais.

- Uma aposta bem-sucedida -

Ainda que a oposição atribuísse a alta mortalidade pelo vírus em Madri a essa política frouxa e ao baixo investimento em serviços públicos após anos de liberalismo e baixos impostos na região, a aposta funcionou para Díaz Ayuso.

Fotogênica, com cabelos ondulados castanhos, a política se tornou uma espécie de ídolo pop do setor mais conservador do PP, com um jeito muitas vezes rude e controverso.

Ela não hesitou em chamar de "barracos" as residências precárias de um bairro ao sul de Madri que ficou sem energia elétrica por meses, nem em atacar os planos do governo Sánchez de exumar os restos mortais do ditador Francisco Franco.

"O que virá depois? Queimar igrejas como em 1936?", disse ela, referindo-se à guerra civil espanhola de 1936-1939.

Seu estilo levou o presidente do instituto público Demoscopia, o militante socialista José Luis Tezanos, a afirmar que há "traços semelhantes" entre Díaz Ayuso e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em artigo publicado na segunda-feira em que dizia que a popularidade deles vem de um "amplo setor social que se concentra no mundo dos botecos".

Embora polêmica, ela ganhou grande exposição na mídia, aponta Pablo Simón, analista e professor de Ciências Políticas da Universidade Carlos III de Madri. "Muitas pessoas já a qualificam como a verdadeira líder da oposição", afirma.

- Tuiteira canina -

Uma ascensão brutal para quem há alguns anos administrava a conta no Twitter de "Pecas", o cão da então presidente regional do PP de Madri, Esperanza Aguirre (2003-2012).

Nascida em Madri em outubro de 1978, ela colaborou por vários anos como jornalista esportiva e trabalhou na Irlanda e no Equador antes de ingressar no grupo jovem do PP de Madri, liderado na época por Pablo Casado, atual presidente da formação.

Foi ele quem a indicou como candidata à presidência regional nas eleições de maio de 2019. Apesar de ter perdido para os socialistas, conseguiu manter o reduto conservador com uma coalizão conservadora.

Dois anos depois, sua popularidade começa a ofuscar seu líder, embora seu estilo "seja divisionista" e não agrade a ala mais moderada do partido, adverte Simón.


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