Otero Alcántara, 33, cumpre o sexto dia de greve de fome sozinho em casa, no bairro carente de San Isidro, Havana Velha. Seu objetivo é denunciar o confisco de suas obras por agentes de segurança.
O estatal Noticiero Nacional de Televisión acusou o MSI, coletivo de contestação formado por artistas e universitários, de tentar manipular a situação politicamente. O veículo apontou Otero como tendo recebido do exterior instruções para fazer a greve de fome, e de ser financiado pelo think tank Instituto Nacional Democrata, com sede em Washington.
Ramón Suárez Polcari, chanceler da arquidiocese de Havana disse à AFP que à tarde conseguiu entrar na residência de Otero e tentou convencê-lo a desistir da greve, sem conseguir.
"Foi ele quem abriu a porta e nos sentamos para conversar, parecia um pouco esgotado, é lógico", disse ao assinalar que conversaram por cerca de uma hora.
Amaury Pacheco, membro do MSI, havia dito no Twitter que Otero não conseguia ficar de pé, "não urina e não fala".
As imagens divulgadas mais cedo mostram policiais indo atrás de um homem com um cartaz, e um grupo de pessoas que pede para ver Otero Alcántara enfrentando policiais e agentes à paisana para evitar a prisão de companheiros. Os simpatizantes do artista tentavam se aproximar de sua residência para verificar seu estado de saúde.
No mesmo bairro, integrantes e simpatizantes do MSI se reuniram meses atrás, o que deu lugar a uma manifestação de 300 artistas e intelectuais para pedir liberdade de expressão, algo inédito na ilha.
"Dezenas de artistas, jornalistas e ativistas cubanos detidos, sob vigilância ou confinados para silenciar seu apoio a @LMOAlcantara. Os Estados Unidos estão com todos os que defendem a liberdade de expressão e reunião em Cuba", tuitou o Escritório de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho dos Estados Unidos, em mensagem compartilhada por sua embaixada em Havana.
"Os Estados Unidos estão com todos os que defendem a liberdade de expressão e reunião em Cuba", acrescentou.
A presidente da subcomissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, María Arena, condenou os fatos. "A perseguição ao @Mov_sanisidro e a outros manifestantes pacíficos em Cuba deve terminar", tuitou.
HAVANA