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Estado de Minas MOSCOU

"Petrov" e "Boshirov", os agentes símbolos das operações brutais da Rússia


20/04/2021 08:42

Nas imagens, eles caminham pelas ruas de Salisbury para assassinar, segundo as autoridades britânicas, um ex-agente duplo. O mundo inteiro conhece os rostos dos supostos espiões, símbolo das operações brutais de Moscou no exterior.

"Alexander Petrov" e "Ruslan Boshirov" - nomes fictícios - voltaram a dar o que falar no fim de semana: a polícia tcheca suspeita do envolvimento da dupla na explosão de um depósito de munições em Vrbetice que deixou dois mortos em 2014.

Supostos agentes do GRU, o serviço de inteligência militar russo, sua forma de operar delata as atividades secretas de Moscou: expeditas, temerárias e sem receio de consequências.

Em 2018, Serguei Skripal, ex-membro do GRU que fugiu para o Ocidente, foi encontrado inconsciente no banco de uma praça de Salisbury, Reino Unido. A maçaneta da porta de sua casa teria sido molhada com Novitchok, um potente agente nervoso.

Apesar da audácia da operação, Skripal sobreviveu. Porém, uma mulher que não tinha nenhuma relação com o caso faleceu. Um dano colateral.

Londres acusou os dois russos: seus rostos e seus deslocamentos foram gravados por câmeras de segurança no aeroporto e nas ruas da pequena cidade inglesa.

O site de investigação Bellingcat revelou seus nomes, sua história e todos os detalhes da operação.

A pista? Um "elo de estupidez", que virou alvo de zombaria da imprensa britânica: o carro pessoal de um deles estava registrado no GRU e seus passaportes falsos foram emitidos praticamente ao mesmo tempo.

Como se não bastasse, os dois foram entrevistados pela diretora do canal RT, favorável ao Kremlin, Margarita Simonyan. "Petrov" e "Boshirov", nitidamente incomodados, deram respostas cômicas e se apresentaram como "turistas".

- Falhas -

De acordo com as autoridades tchecas, os dois também estão envolvidos na destruição de um depósito de munições que até agora era considerado um acidente.

Os investigadores, segundo a BBC, começaram a seguir a pista de "Petrov" e "Boshirov" com base em uma mensagem enviada pela Guarda Nacional do Tadjiquistão à empresa que administrava o armazém, solicitando acesso para os dois homens com uma cópia dos passaportes.

Desde sábado à noite, as redes sociais russas se divertem com os memes dos dois agentes, identificados em duas ocasiões. "Petrov e Boshirov seria uma excelente série! Melhor que James Bond", brincava uma mensagem no Twitter.

O analista militar Alexander Golts disse à AFP que, no caso da República Tcheca, os dois homens "cumpriram sua missão", pois foram identificados seis anos depois.

"Cedo ou tarde, um agente, particularmente se é um sabotador, será descoberto", disse.

Mas os problemas de Petrov e Boshirov não são os únicos. Em 2018, quatro russos foram expulsos da Holanda, acusados de tentativa de hackear a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).

A polícia encontrou vários indícios, mas sobretudo um recibo de táxi por uma corrida entre a sede da inteligência militar russa em Moscou e o aeroporto. Um erro.

Ao mesmo tempo, o Bellingcat desmascara 305 suspeitos de agentes do GRU. Todos tinham os veículos registrados no endereço oficial de sua unidade.

Em dezembro de 2020, Bellingcat e o opositor russo Alexei Navalny anunciaram que identificaram os autores do envenenamento deste último, também com uma substância do tipo Novitchok.

O opositor do Kremlin divulgou uma gravação na qual incriminou por telefone um dos agentes em questão dos serviços de segurança internos (FSB), que contou o que sabia ao pensar que falava com um superior.

Os erros que demonstram falhas surpreendentes não se encaixam com a imagem de conquistas dos agentes soviéticos. Mas as agências russas e seus recrutamentos mudaram muito.

"É a política de recrutamento. Encontrar agentes completamente dedicados que desejam sobretudo executar ordens em detrimento do profissionalismo", explicou à AFP o especialista Andrei Soldatov, antes do caso tcheco.

"Você consegue espiões dóceis, mas que não são competentes", completa.

As constantes acusações contra a Rússia nos escândalos de espionagem, interferência eleitoral, ciberataques e na organização de um sistema generalizado de doping de Estado no esporte têm um custo.

Em cada caso, o país sofre novas sanções econômicas, políticas e esportivas.

Apesar da avalanche de casos e de indícios, a Rússia sempre nega as acusações e aponta o que chama de "russofobia" de seus rivais.


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