O governo Joe Biden informou que Washington voltará a realizar aportes junto à agência das Nações Unidas que se ocupa dos refugiados palestinos (UNRWA), com uma contribuição de 150 milhões de dólares. Os americanos também oferecerão 75 milhões de dólares em ajuda econômica e de desenvolvimento para a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, e 10 milhões para os esforços de paz.
Em telefonema ao rei da Jordânia, antiga aliada dos Estados Unidos, Biden "afirmou que o governo americano apoia uma solução de dois Estados para o conflito com os palestinos", aponta um comunicado divulgado pela Casa Branca.
"A ajuda externa dos Estados Unidos ao povo palestino atende a importantes interesses e valores americanos. Proporciona um alívio crítico aos mais necessitados, fomenta o desenvolvimento econômico e apoia o entendimento entre israelenses e palestinos, a coordenação da segurança e a estabilidade", declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammed Shtayyeh, afirmou que a retomada da ajuda foi apenas um primeiro passo.
"Esperamos com impaciência não apenas a retomada da ajuda financeira, mas também o retorno das relações políticas com os Estados Unidos, para que nosso povo palestino possa cumprir seus direitos legítimos de criar um estado independente com Jerusalém como capital", ressaltou Shtayyeh.
O primeiro-ministro palestino também pediu a Washington que "pressionasse Israel a conter o desejo de expansão e assentamento nos territórios ocupados".
- Sinal correto -
O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, declarou que a organização mundial "receberia com grande satisfação" o restabelecimento da ajuda americana. O ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, expressou que a renovação do apoio de Washington à UNRWA "envia o sinal correto". "Uma vez que os desafios não fizeram mais do que aumentar na época do coronavírus, o anúncio do governo americano chega no momento adequado para os afetados naquela região", assinalou.
A verba se soma aos 15 milhões de dólares anunciados anteriormente pelos americanos para a luta dos palestinos contra a covid-19, em meio às críticas recebidas por Israel, líder na vacinação de seus cidadãos, que não estendeu seus esforços aos territórios ocupados.
Tel Aviv argumenta que a imunização é de responsabilidade da Autoridade Palestina e mostrou descontentamento com a medida americana. "Expressei minha decepção e objeção à decisão de renovar o financiamento da UNRWA sem ter certeza de que certas reformas, incluindo o fim da incitação e a retirada do conteúdo antissemita de seu currículo escolar, estão sendo implementadas", assinalou o embaixador Gilad Erdan.
A UNRWA já teve os Estados Unidos como principal doador, mas enfrenta um déficit desde que Trump retirou a contribuição, em 2018, sob o argumento de que os refugiados, alguns vivendo em acampamentos por gerações, devem ser realocados. A agência assinalou que viu suas necessidades aumentarem devido à Covid e às dificuldades enfrentadas pelos palestinos que vivem na Síria, no Líbano e na Jordânia.
O governo Biden vem restabelecendo as relações e apoiando os palestinos, mas não anunciou nenhuma iniciativa de paz para resolver o conflito histórico.
WASHINGTON