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Estado de Minas HONG KONG

Martin Lee, o incansável advogado de uma ilusória democracia em HK


01/04/2021 11:11

O advogado Martin Lee, de quase 82 anos, um dos redatores da constituição de Hong Kong (Basic Law) e figura simbólica da oposição ao poder central chinês, corre o risco de ser condenado a cinco anos de prisão por ter organizado o gigante protesto pró-democracia de agosto de 2019.

Há décadas, Martin Lee é o defensor incansável da democratização de Hong Kong e, durante muitos anos, defendeu a ideia de uma cooperação com o poder central para atingir esse objetivo, razão pela qual os opositores mais radicais passaram a tratá-lo como um traidor.

Lee critica os jovens partidários de uma ação mais agressiva e rejeita a violência política.

"Finalmente sou um réu", disse ele no ano passado, quando foi preso.

"Como me sinto? Muito aliviado. Por tantos anos, tantos meses, tantos jovens corajosos foram presos e acusados, e eu não. Lamentava muito", disse.

O fato de uma personalidade tão moderada como Lee poder acabar na cadeia diz muito sobre a perseguição sofrida pela oposição na ex-colônia britânica, um território teoricamente semiautônomo que deveria gozar até 2047 de liberdades políticas únicas em relação à China continental.

Seu pai, Lee Yin-wo, foi um general das forças nacionalistas derrotadas pelos comunistas.

Apesar disso, o general que se dedicou ao ensino manteve contato com os principais dirigentes do Partido Comunista da China.

Martin Lee é um produto puro da educação elitista local durante o período colonial britânico. Nasceu em 1938 e fez parte dos estudos em Londres. Foi defensor dos líderes do movimento social de 1967, um dos episódios mais violentos da história contemporânea de Hong Kong.

- Enojado pela repressão da Praça da Paz Celestial -

Advogado de renome, foi um dos escolhidos na década de 1980 para contribuir com a elaboração da Lei Básica, experiência que o levou à política.

Essa miniconstituição concedeu a Hong Kong liberdades desconhecidas no restante da China continental, organizando a devolução sob o princípio de "Um país, dois sistemas". Ao final, pensava ele, este processo deveria permitir a democratização da China, e não a ascensão do autoritarismo em Hong Kong.

Eleito para o Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong, Lee foi um dos primeiros a se preocupar abertamente com as intenções da China, em especial após a repressão ao movimento da Praça da Paz Celestial, em Pequim.

Na época, a mídia estatal da China o chamou de contrarrevolucionário.

Depois de ser expulso do comitê de preparação da Constituição, fundou o primeiro partido pró-democracia em Hong Kong.

"Abandonamos Hong Kong a sua própria sorte na esperança de que Martin Lee, o líder dos democratas, não seja preso", escreveu o príncipe Charles em seu diário após a retrocessão.

Alguns meios de comunicação o viam como o "pai da democracia", apelido que ele rejeitou.

"Não há democracia", disse ele, em declarações ao canal de televisão CBS, em 2019. "Devo ser um pai muito ruim", brincou.

O aumento da interferência do poder central da China, deixou de fora o tom conciliador de Martin Lee, oprimido por uma nova geração muito mais radical - a de Joshua Wong e Nathan Law -, que protagonizou o Movimento dos Guarda-chuva em 2014.

"Sou um inimigo público do ponto de vista da China. E as crianças também não gostam de mim", disse Lee ao jornal The New York Times em 2020.

Ele não nega, porém, seu papel na elaboração da Constituição.

"Não acho que estávamos errados. Foi a parte adversária que errou, porque foram eles que fizeram a promessa de democracia que estava consagrada na Basic Law", explicou ele ao "South China Morning Post", em 2019.

"É claro que temos o direito de insistir em que a promessa deve ser cumprida, e não apenas parcialmente", acrescentou.


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