Este relatório, elaborado por uma comissão de historiadores, entregue nesta sexta-feira ao presidente Emmanuel Macron, afirma que a França "fechou os olhos ante a preparação" do genocídio e tem uma "responsabilidade avassaladora" nesta tragédia que, segundo a ONU, deixou pelo menos 800.000 mortos, especialmente tutsis.
"O governo ruandês saúda o informe da comissão Duclert, que representa um passo importante para uma compreensão comum do papel da França no genocídio dos tutsis", declarou em nota o ministério ruandês das Relações Exteriores.
"Um relatório de investigação encomendado pelo governo ruandês em 2017 será publicado nas próximas semanas [e suas] conclusões completarão e enriquecerão as da comissão Duclert", acrescentou o ministério.
O documento francês, fruto de dois anos de estudos dos arquivos franceses, faz um balanço sem concessões da implicação militar e política da França no genocídio, entre abril e julho de 1994.
No entanto, a comissão a cargo do relatório, presidida pelo historiador Vincent Duclert, destaca que "nada demonstra" que a França tenha sido "cúmplice" do genocídio desencadeado em 7 de abril de 1994, no dia seguinte de um ataque contra o avião do então presidente Juvenal Habyarimana.
Este relatório poderia marcar um ponto de inflexão na relação entre os dois países, envenenada por mais de 25 anos pelas violentas controvérsias sobre o papel da França neste extermínio. O Palácio do Eliseu informou que espera que ajude a desenvolver e melhorar as relações com Kigali.
"A França continuará com seus esforços na luta contra a impuniade dos responsáveis" pelo genocídio, informou na sexta-feira o presidente francês em um comunicado, após a publicação do informe.
O documento, de mais de 1.000 páginas, foi realizado com base em telegramas diplomáticos e notas confidenciais.
KIGALI