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Estado de Minas NAIRÓBI

Comissão etíope confirma massacre de civis em Aksum


24/03/2021 12:51

Mais de 100 civis foram mortos por tropas eritreias no final de novembro, na cidade etíope de Aksum, semanas depois do início do conflito em Tigré - informa a Comissão de Direitos Humanos da Etiópia (CDHE), em um relatório publicado nesta quarta-feira (24).

O órgão independente, subordinado ao governo etíope, ecoa, assim, as conclusões da Anistia Internacional e da Human Rights Watch (HRW). Em informes anteriores, ambas as organizações denunciaram que centenas de civis foram massacrados em Aksum, no final de novembro de 2020, no que constituiu um crime contra a humanidade.

"A informação coletada durante esta investigação preliminar confirma que, nos dias 28 e 29 de novembro, cometeram-se graves violações dos direitos humanos e que, em Aksum, mais de 100 residentes (...) foram mortos pelos soldados eritreus", de acordo com a CDHE.

"Estes números não são definitivos", ressalta a comissão.

"Como estas graves violações dos direitos humanos podem constituir crimes contra a humanidade, ou crimes de guerra", a CDHE destaca "a necessidade de uma investigação exaustiva da situação geral dos direitos humanos na região de Tigré".

Tigré tem sido palco de combates desde que o governo etíope lançou uma intervenção militar em 4 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), o partido no poder nesta região ao norte.

A vitória foi declarada em 28 de novembro, mas os combates continuam.

Após meses de desmentidos oficiais por parte de Adis Abeba e Asmara, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, mencionou publicamente pela primeira vez a presença de tropas da Eritreia, país fronteiriço com Tigré. Declarou, no entanto, que os ataques contra civis na região são "inaceitáveis".

- De porta em porta -

Relatos de massacres e atos de violência sexual cometidos pelas forças pró-governo etíopes e pelos militares eritreus se multiplicam há várias semanas.

Os acontecimentos em Aksum, cidade declarada Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), constituem uma das "atrocidades mais graves documentadas até o momento neste conflito", estimou a Anistia Internacional em fevereiro deste ano.

A CDHE coletou depoimentos de sobreviventes, testemunhas, oficiais locais e pessoal médico, bem como "evidências físicas, incluindo vídeos, áudios e fotografias".

Em 28 de novembro passado, após a chegada das tropas eritreias, os soldados "foram de porta em porta perguntando às mulheres onde estavam seus maridos, ou filhos, e lhes disseram que se tivessem mais filhos, eles os tirariam delas", afirma o relatório.

Depoimentos aterrorizantes relatam o assassinato de uma mãe enquanto ela corria em busca de sua filha, o caso de homens executados diante dos olhos de suas mulheres e de seus filhos, e de outros mortos quando queriam resgatar os corpos de seus parentes.

Nesse clima de terror, os cadáveres permaneceram vários dias nas ruas à mercê de animais selvagens.

A CDHE também relata pilhagens de hospitais por parte de soldados etíopes e eritreus a partir de 19 de novembro.

As autoridades da Eritreia sempre rejeitaram as acusações de massacre em Aksum.

As Nações Unidas e a comunidade internacional estão alarmadas com as notícias de Tigré e fizeram um apelo pela retirada das tropas eritreias da região.

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu no início de março uma "investigação objetiva e independente", após ter "corroborado graves violações" que podem constituir "crimes de guerra e crimes contra a humanidade".


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