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Estado de Minas MIAMI BEACH

Miami Beach intensifica repressão a turistas, e temem tensões raciais


22/03/2021 20:08 - atualizado 22/03/2021 20:14

A cidade americana de Miami Beach, invadida por turistas eufóricos despreocupados com a covid-19, estendeu seu estado de emergência para tentar conter o caos, ainda que alguns acusam o uso da repressão policial contra uma multidão composta principalmente de afro-americanos.

Vídeos e fotos nas redes sociais mostram mulheres seminuas rebolando nos tetos dos carros, homens oferecendo a elas maços de notas e uma multidão de turistas amontoados, dançando sobre os carros, passando garrafas de mão em mão; além de debandadas, brigas, tiros para o alto e confrontos com policiais.

"A cidade de Miami Beach tem o direito de esperar que os visitantes se comportem de maneira decente e, muitas vezes, quando os turistas da primavera vêm, sejam eles negros ou brancos ou qualquer outra coisa, há um pouco de anarquia", afirmou Retha Boone, diretora de programas do Conselho Consultivo de Assuntos Afro-Americanos do Condado de Miami-Dade.

"Mas o que é diferente é a forma como os turistas negros são tratados", criticou à AFP.

No sábado, a cidade impôs toque de recolher noturno nas ruas mais turísticas de South Beach, epicentro da festa em Miami Beach, e ordenou o fechamento das três pontes que ligam a ilha a Miami das 22h às 6h.

Essas medidas, que valem de quinta a segunda-feira, não são fáceis de implementar.

Nas noites de sábado e domingo, circularam imagens de dezenas de carros da polícia tentando dispersar multidões de foliões, às vezes disparando spray de pimenta.

"Sem desculpar o comportamento" dos jovens, diz Boone-Fye, "não tenho certeza de que isso teria acontecido se a multidão fosse predominantemente branca. Existem racismos sutis e existem racismos abertos".

Por exemplo, os críticos destacam que fala-se muito menos de Fort Lauderdale, 50 km ao norte, onde os turistas são em sua maioria brancos.

Mas lá também os turistas lotam ruas e praias, aglomerações celebram o que entendem como o fim da pandemia e protagonizam brigas. Pelo menos um tiroteio, que deixou um ferido, foi noticiado.

- "Um desafio" -

O chefe de polícia de Miami Beach, Richard Clements, disse ao Canal 10 local que a situação é desafiadora porque as restrições relaxadas contra a pandemia da Flórida atraem muito mais turistas do que o normal, além das tensões raciais que aumentaram no ano passado após a morte de George Floyd por um policial branco em maio de 2020.

"Tem sido um desafio", afirmou Clements. "É uma combinação de covid e, acima de tudo, como policiais, estamos lidando com as reações do verão passado e a situação de George Floyd".

"Se eles querem se divertir, tudo bem, mas se você vai exagerar, se vai quebrar as regras, então temos a obrigação de intervir".

Desde 3 de fevereiro, 80 armas foram confiscadas e 1.000 prisões foram realizadas, 350 delas por crimes graves, indicou a ordem executiva de domingo em que a cidade declarou estado de emergência.

A polícia informou nesta segunda-feira a prisão de dois homens por drogar e estuprar uma mulher, que mais tarde foi encontrada morta em seu quarto de hotel.

Todos os anos as multidões que se reúnem na ilha são problemáticas, mas desta vez parece ser muito maior do que o normal, algo que o prefeito de Miami Beach, Dan Gelber, atribui ao fato de os turistas que buscam fugir das restrições impostas pela pandemia não terem muitas outras opções de lazer.

"Há poucos lugares abertos no resto do país, ou são muito frios, ou estão fechados e também são muito frios", disse o prefeito no sábado.

Mas quando questionado sobre a possibilidade dos turistas negros serem tratados de forma diferente pela polícia, Gelber rejeitou a ideia.

"Há muitas conversas importantes que precisam acontecer", afirmou à emissora Local 10.

"Mas posso dizer que em nossa cidade, apenas assistindo aos vídeos, não estamos atacando um grupo de pessoas. Estamos atacando certos comportamentos".


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