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Estado de Minas WASHINGTON

Joe Biden e uma diplomacia que não poupa palavras duras


20/03/2021 11:15

Joe Biden decidiu não fazer rodeios. O presidente dos Estados Unidos acusou Vladimir Putin de ser um "assassino" e sua equipe recebeu uma delegação chinesa com uma salva de acusações, um estilo pouco diplomático que ilustra sua disposição de resistir aos "autocratas".

Talvez uma política externa mais tradicional fosse esperada daquele que por muito tempo foi senador e então vice-presidente, após os tuítes inoportunos e fórmulas estrondosas de seu antecessor Donald Trump.

Mas os primeiros dois meses de seu mandato, e ainda mais os últimos dias, marcaram um tom severo.

Quando questionado por um repórter se ele pensava que o presidente russo era "um assassino", Joe Biden respondeu afirmativamente, sem hesitação.

E aos que questionaram sobre um possível deslize, a Casa Branca garantiu que o presidente não se arrependia de suas palavras.

Esta não é a primeira vez que o democrata dirige palavras duras ao chefe do Kremlin.

"Eu disse claramente ao presidente Putin, de uma forma muito diferente de meu antecessor, que o tempo em que os Estados Unidos se submeteram aos atos agressivos da Rússia (...) acabou", declarou no início de fevereiro, logo após o primeiro telefonema entre os dois.

Biden mostrou a mesma firmeza com o presidente chinês, Xi Jinping. "É muito duro", "não tem um pingo de democracia", afirmou sobre ele em fevereiro.

"Se não fizermos nada, eles nos esmagarão", acrescentou alguns dias depois, após um telefonema de duas horas com seu homólogo.

- "Valores" dos Estados Unidos -

Embora essa linguagem contundente às vezes faça lembrar Trump, o contexto é muito diferente.

"Trump tinha afinidades pessoais com autocratas, com 'homens fortes'. Ele os admirava", diz Thomas Wright, membro do think tank Brookings Institution.

"Na realidade, Trump tinha um problema maior com os aliados dos Estados Unidos. Ele ficava mais furioso com seus aliados do que com seus rivais".

Desde que assumiu o poder em janeiro, Joe Biden e sua equipe têm trabalhado para seduzir os amigos de Washington e denunciar o "autoritarismo" de Moscou e Pequim.

As palavras duras fazem parte dessa estratégia e de uma política externa que faz da defesa dos direitos humanos e dos "valores" dos Estados Unidos uma prioridade.

"Estão preocupados em ver o progresso do autoritarismo e pensam que as democracias devem trabalhar mais de perto para combatê-lo", disse Wright à AFP.

O presidente americano também quer organizar uma "cúpula das democracias" em data ainda não marcada.

Talvez mais surpreendentemente ainda foi seu secretário de Estado, Antony Blinken, um diplomata às vezes retraído e da velha escola, receber os ministros das Relações Exteriores da China na quinta-feira no Alasca com um discurso ofensivo, acusando Pequim, na frente das câmeras, de "ameaçar a estabilidade mundial".

"Essas maneiras estão longe da etiqueta diplomática!", reagiu a China.

Para Thomas Wright, isso "revela que a relação entre os Estados Unidos e a China é definida pela rivalidade e pela competição".

Para James Carafano, da conservadora Heritage Foundation, Blinken estava "absolutamente certo" em ser tão firme e o governo Biden não tem nada a perder ao mostrar tal dureza.

"Ser duro com a Rússia ou a China gera consenso tanto do lado democrata quanto do republicano. Todo mundo quer ser duro" com esses adversários, aponta.

Ele também observa uma grande continuidade entre os primeiros atos dos democratas e os do ex-governo republicano, que se opôs às duas potências rivais mesmo quando o presidente Trump tentou encenar sua "amizade" com Vladimir Putin ou Xi Jinping.


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