"Estas eleições não serão livres ou justas" e "não cumprem os critérios da resolução 2254 - supervisão da ONU ou realizadas de acordo com uma nova constituição", insistiu a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
Presidente interina do Conselho de Segurança, a diplomata fez com que esta reunião mensal do Conselho coincidisse com o décimo aniversário do início da guerra, em 15 de março.
"Os distúrbios que eclodiram em março de 2011 na Síria foram usados por forças externas para agravar a situação no país. Seu objetivo era derrubar as autoridades sírias legítimas e remodelar o país", respondeu seu homólogo russo, Vassily Nebenzia.
"Grupos armados ilegais, inclusive internacionais, aproveitaram a oportunidade" para se multiplicar, destacou, pedindo novamente a saída da Síria de tropas estrangeiras contrárias ao governo de Damasco.
Sem rejeitar de antemão as eleições presidenciais marcadas para junho, a França, que dominou a Síria entre 1920 e 1946, pediu que as eleições fossem críveis.
"Trata-se de trabalhar para o estabelecimento de um cessar-fogo a nível nacional, preparando-se agora para a realização de eleições livres e transparentes, sob a supervisão das Nações Unidas e nas quais a diáspora possa participar, sem as quais não haverá solução para o conflito", disse a vice-embaixadora da França, Nathalie Broadhurst.
O processo para uma solução política que abre o caminho para a paz na Síria está "bloqueado" em um contexto de "profunda crise econômica", disse na sexta-feira o representante da Cruz Vermelha Internacional (CICV) em Damasco, Philip Spoerri.
- "Sírios desesperados" -
"Os sírios estão realmente desesperados", disse Spoerri a alguns meios de comunicação, incluindo a AFP, referindo-se à "realidade realmente deprimente" nos campos de refugiados onde as crianças, privadas de escola, "não têm futuro".
O embaixador do Níger, Abdou Abarry, apelou ao Conselho de Segurança nesta segunda-feira para que "a Síria deixe de ser um laboratório de horrores".
"O regime de (Bashar al) Assad deve libertar aqueles que são detidos arbitrariamente, especialmente mulheres, crianças e idosos", acrescentou Linda Thomas-Greenfied.
"A população precisa de ajuda internacional coletiva", concordou Vassily Nebenzia, cujo país, no entanto, reduziu drasticamente em julho os pontos de entrada na Síria que não exigiam a aprovação de Damasco.
A única travessia ainda em vigor, na fronteira com a Turquia, está autorizada pelo Conselho de Segurança até julho, mas Moscou, principal apoiador da Síria, deu a entender que se opõe à sua renovação.
O enviado da ONU à Síria, o norueguês Geir Pedersen, pediu a criação de um "novo formato internacional" para relançar uma solução política para o conflito.
Referindo-se aos "principais atores internacionais", ele disse que esse novo formato incluirá Estados Unidos, Rússia, Irã, Turquia, União Europeia e países árabes, muitos dos quais aspiram a um retorno da Síria à Liga Árabe.
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