"Nem eu nem meu advogado tínhamos os documentos e eles já estavam na imprensa", criticou o ex-presidente em declarações a jornalistas em Lima.
O pedido de prisão preventiva foi apresentado a um juiz pelo procurador Germán Suárez, por considerar que existe o risco de fuga de Vizcarra, que vem sendo investigado desde o ano passado.
Vizcarra, de 57 anos, rejeitou qualquer tentativa de evasão à justiça e garantiu que já testemunhou cinco vezes perante o promotor desde a abertura do caso.
O Judiciário anunciou neste sábado que a audiência para avaliar o pedido e decidir o destino de Vizcarra será realizada no dia 17 de março.
A audiência será por videoconferência em decorrência das medidas de biossegurança decorrentes da pandemia e estará a cargo da juíza María Álvarez, da primeira vara de Investigação Preparatória de crimes de corrupção de funcionários.
A juíza definirá se manda o ex-presidente para a prisão por 18 meses ou se apresenta medidas cautelares para restringir sua liberdade.
Se for enviado para prisão preventiva, Vizcarra pode se tornar o segundo ex-presidente peruano nessa condição. Seu antecessor, Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), do qual foi vice-presidente, cumpre uma pena de 36 meses de prisão domiciliar desde abril de 2019 por envolvimento no escândalo de corrupção da Odebrecht.
Vizcarra, que presidiu o Peru entre 2018 e 2020, deu a entender que o pedido do Ministério Público faz parte de uma tentativa de retirá-lo da disputa eleitoral, no momento em que concorre a uma cadeira legislativa nas eleições de 11 de abril.
"O promotor Juárez deixou de ser promotor e passou a ser apenas mais um deputado. Nessa campanha de denúncias diárias do Congresso, temos um pedido de prisão (preventiva) pelo Ministério Público", denunciou o advogado de Vizcarra, Fernando Ugaz.
De acordo com a imprensa local, o procurador Juárez tem depoimentos de até cinco pessoas que afirmam ter intervindo no pagamento de supostas propinas a Vizcarra em troca de obras públicas quando ele era governador de Moquegua (2011-2014).
O popular ex-presidente também está no olho da justiça por ter se vacinado secretamente contra a covid-19 em outubro, meses antes do início da imunização no país.
Vizcarra se tornou popular por travar uma cruzada contra a corrupção, um dos males do Peru, antes de ser destituído pelo Congresso dominado pela oposição em um rápido julgamento de impeachment em novembro de 2020. O processo desencadeou uma crise que levou o Peru a ter três presidentes em uma semana.
LIMA