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Estado de Minas WASHINGTON

A 'fórmula secreta' da vacina da J&J, explicada por seu diretor científico


12/03/2021 19:20

Qual é a "fórmula secreta" da vacina da Johnson & Johnson contra o coronavírus, aprovada nesta sexta-feira (12) pela Organização Mundial da Saúde (OMS)?

Paul Stoffels, diretor científico da empresa farmacêutica americana, explica em entrevista à AFP.

- Pergunta: Por que a vacina da J&J; é uma ferramenta importante para combater a pandemia? -

Resposta: Esta é uma vacina de dose única, e é a primeira a ser estudada em grande escala (cerca de 40.000 pessoas), incluindo variantes. E provamos ser altamente eficazes contra doenças graves, assim como contra hospitalizações e mortes. Além disso, ela requer uma única injeção que é mantida entre 2 e 8 graus Celsius, refrigeração normal, o que facilitará a distribuição em larga escala ao redor do mundo.

- P: Como você responde às críticas de que a vacina da J&J; não protege tanto quanto as da Pfizer-BioNTech e Moderna, ambas com tecnologia de RNA mensageiro? -

R: Fizemos nosso estudo em todo o mundo: nos Estados Unidos, América do Sul e África do Sul, em circunstâncias muito difíceis devido ao aumento da pandemia. Agora sabemos a eficácia da vacina em variantes e podemos mostrar que, independentemente da região, variante ou idade, ela protege contra doenças graves, hospitalização e morte. Essa proteção é de 85% para as formas graves e até 100% contra internação e morte, que até o momento não vimos nenhuma (em pessoas vacinadas). Este é o desafio mais importante desta pandemia.

- P: A vacina da J&J; usa um adenovírus causador do resfriado comum, geneticamente modificado para não se replicar, como um "vetor" para transportar o gene de uma parte do coronavírus para as células humanas a fim de treinar o sistema imunológico. Qual é a vantagem dessa abordagem?

- R: Temos uma resposta muito boa em termos de anticorpos, mas a imunidade celular é o que torna a (proteção) duradoura e também de amplo espectro. A fórmula secreta desta vacina é a combinação de ambas.

- P: Pode explicar em termos simples o que é imunidade celular?

- R: Quando você é vacinado quando criança, as vacinas protegem você para o resto da vida. Então, o corpo memoriza os patógenos, agentes de doenças. Mesmo que para muitos deles não se registrassem os anticorpos em um exame de sangue subsequente, ficaríamos protegidos, porque o corpo sabe imediatamente que 'este é um patógeno que eu já vi antes'. E é aí que a imunidade celular é muito importante, tanto para eficácia imediata quanto para recuperação de longo prazo.

- P: Em que estágio estão os testes da sua vacina em crianças e mulheres grávidas?

- R: No momento, estamos estudando a vacina em adolescentes de 12 a 17 anos. Para crianças menores de 12 anos, as fases 2 e 3 (nota do editor: que é quando os estudos de eficácia começam) terão início em abril. Os ensaios em mulheres grávidas começarão a partir de agora.

- P: Você fará vacinas para variantes específicas? -

R: Por precaução, já começamos a fazer uma vacina a partir da variante sul-africana. Não sabemos se precisaremos, mas se for necessário, já está em andamento.

- P: Alguns cientistas estão preocupados que o corpo possa reconhecer o vírus "vetor" levemente virulento se ele for injetado uma segunda vez e, portanto, atacá-lo antes que ele possa desencadear uma resposta imunológica. Isso é um problema para uma possível injeção de reforço, por exemplo? -

R: Em nosso trabalho com a vacina contra o HIV, expomos as pessoas ao vírus vetorial quatro vezes por ano. Embora tenhamos visto pequenas mudanças, não percebemos que não poderíamos usá-la como reforço. O Ad26 (adenovírus 26) como vetor, que é o que usamos (para a vacina anticovid), foi selecionado por sua baixa imunogenicidade (nota do editor: capacidade de desencadear uma reação imunológica), bem como por sua baixa presença em humanos. Estamos razoavelmente confiantes de que pode haver uma injeção de reforço sem problemas.

- P: Mais alguma coisa que devemos saber? -

R: Temos uma rede (de produção) muito completa a nível internacional, de forma a garantir que podemos atender o mundo inteiro, assim como uma colaboração com a Covax (nota do editor: o mecanismo para facilitar o acesso equitativo às vacinas no mundo, impulsionado pela OMS). Esperamos que muito em breve, depois do que estamos fazendo nos Estados Unidos e na Europa, possamos avançar para vacinar o mundo inteiro. E temos um grande compromisso na J&J; de fazer isso a um preço sem fins lucrativos.

JOHNSON & JOHNSON

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