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Estado de Minas IWAKI

Japão recorda 10 anos da catástrofe tripla de março de 2011


11/03/2021 08:38 - atualizado 11/03/2021 08:43

O Japão recordou com grande emoção nesta quinta-feira o 10º aniversário da catástrofe tripla de 11 de março de 2011 - um terremoto, um tsunami e um acidente nuclear -, que traumatizou o país para sempre.

Às 14H46 (2H46 de Brasília), horário em que o terremoto sacudiu o nordeste do país em 2011, os japoneses respeitaram um minuto de silêncio. Em seguida aconteceu uma cerimônia com discursos do imperador Naruhito e do primeiro-ministro Yoshihide Suga.

Também foram ouvidas as sirenes ao longo do litoral, onde muitas pessoas se reuniram para orar, de mãos dadas, diante do mar.

O gigantesco tsunami foi a principal causa das 18.500 mortes ou pessoas desaparecidas. Ondas do tamanho de edifícios atingiram a costa nordeste do Japão pouco depois de um terremoto de 9,0 graus de magnitude.

Após o terremoto e tsunami, um acidente nuclear aconteceu na central de Fukushima Daiichi, que ficou inundada. Os núcleos de três dos seis reatores sofreram uma fusão, o que deixou cidades inteiras inabitáveis por anos devido à radiação e obrigou dezenas de milhares de pessoas a abandonarem suas casas.

Este foi o pior acidente nuclear no planeta desde o de Chernobyl (Ucrânia) em 1986.

"A magnitude dos danos provocados pela catástrofe é tão profunda que a recordação inesquecível da tragédia persiste em minha alma", declarou o imperador.

"Nossa nação viveu várias catástrofes que podemos considerar como crises nacionais, mas nossos antecessores superaram cada crise com coragem e esperança", afirmou Suga, antes de destacar que o Japão sempre "olhará para frente".

De todo o mundo chegaram mensagens de solidariedade, incluindo do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e da cantora Lady Gaga.

Durante todo o dia aconteceram várias cerimônias públicas e privadas na região, como em Hisanohama, na cidade costeira de Iwaki (departamento de Fukushima), onde Toshio Kumaki, de 78 anos, rezou no muro de contenção de tsunami construído depois da catástrofe de 2011.

"Venho caminhar aqui todas as manhãs, mas hoje é um dia especial", afirmou.

- Jogos Olímpicos da "reconstrução" -

Em Miyagi, um dos três departamentos do nordeste do país mais afetados, os moradores organizaram operações de busca com a esperança de encontrar desaparecidos.

A probabilidade de êxito é reduzida, mas na semana passada as autoridades identificaram os restos mortais de uma mulher que foi arrastada pelo tsunami de 2011. Seu filho foi liberado de uma incerteza insuportável e conseguiu, finalmente, entrar em luto.

O Japão aprendeu lições com a catástrofe, que incluem a construção de muros antitsunami cada vez mais altos, aperfeiçoamento dos sistemas de alerta e das rotas de fuga, mas os riscos permanecem elevados.

No dia 13 de fevereiro um terremoto de 7,3 graus de magnitude recordou os riscos sísmicos permanentes nas costas do Japão. Mais de 100 pessoas ficaram feridas no tremor, considerado uma réplica distante do abalo de 2011.

As cerimônias de recordação acontecem apenas duas semanas antes do início, em Fukushima, do revezamento da tocha olímpica para Tóquio-2020, batizados de "Jogos da Reconstrução".

A pandemia prejudicou os Jogos, adiados por um ano, mas o governo japonês e os organizadores esperam que o revezamento volte a concentrar a atenção sobre esta região abalada.

- "O dia que perdi meus colegas" -

Nayuta Ganbe, estudante de Sendai, capital do departamento de Miyagi, participa com frequência em atos de prevenção de catástrofes, com base em sua experiência pessoal.

Mas no dia 11 de março ele sempre optou por recordar sozinho. "Foi o dia em que perdi meus colegas de turma. Algumas pessoas morreram diante dos meus olhos. É um dia que espero não ter que passar nunca mais", declarou o jovem de 21 anos.

Este ano, porém, ele participou em uma cerimônia: "Exatamente 10 anos depois, eu espero enfrentar a catástrofe com uma nova perspectiva".

Para muitos, o aniversário é a oportunidade de um momento de reflexão pessoal sobre uma tragédia nacional ainda muito dolorosa e presente, com dezenas de milhares de pessoas deslocadas e 2% da superfície de Fukushima declarada zona proibida.

O desmantelamento da central nuclear avança lentamente desde o acidente e vai demorar de três a quatro décadas, no mínimo. A maioria das centrais do Japão está paralisada.


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