"Temos a convicção de que em algum momento esse regime cairá, porque as pressões a que está sujeito vêm de dentro e de fora. Em algum momento, não poderá evitar começar a negociar para sair dessa enorme crise", afirmou a adversária em entrevista concedida no domingo.
Svetlana Tikhanovskaya foi forçada a fugir para a Lituânia por seu papel no movimento de protesto após as eleições presidenciais de 2020.
Figura proeminente da oposição bielorrussa e candidata a essas eleições, chegou a Genebra no domingo para participar, entre outras atividades, de um debate sobre seu país organizado pelo Festival Internacional de Cinema sobre Direitos Humanos (FIFDH).
Também está presente no festival a opositora Olga Kovalkova, responsável no exílio do Conselho de Coordenação da oposição bielorrussa.
Tikhanovskaya, cujo marido foi preso no ano passado depois de tentar concorrer à presidência, continua firme, apesar do pedido de extradição de Minsk contra ela na sexta-feira, que foi imediatamente rejeitado pela Lituânia.
"O risco é mínimo, mas isso não vai me impedir de lutar", afirmou, muito tranquila, quando questionada se se sentia segura na Europa.
- Pedido de ajuda -
Cercada por seguranças, Tikhanovskaya, de 38 anos, mãe de dois filhos, abriu caminho por entre uma multidão ao chegar a Genebra, em frente à sede das Nações Unidas, onde várias dezenas de seguidores a esperavam.
Sua chegada a Genebra, na Suíça, também foi a ocasião para fazer um apelo de ajuda à ONU.
Embora o Conselho de Direitos Humanos (CDH) já tenha realizado um debate urgente sobre Belarus em setembro, Tikhanovskaya espera que a ONU continue a ajudá-la a tirar seu país da "repressão".
Também planeja se reunir com dois especialistas independentes da ONU nos próximos dias e espera que os 47 Estados-membros do CDH, que atualmente está em sua 46ª sessão, adotem uma resolução sobre seu país.
"Gostaríamos que esta resolução mencionasse o relator especial sobre Belarus para que ele possa ter acesso às prisões e detidos e ver por si mesmo a situação absolutamente deplorável dos locais de detenção", afirmou.
Também solicitou que a resolução contemplasse a criação de um grupo de especialistas para investigar a situação dos direitos humanos em seu país.
A opositora não tem ilusões: "Compreendemos claramente que não é possível manter negociações diretas entre a sociedade bielorrussa e o regime".
O regime do presidente Alexander Lukashenko, que lidera a ex-república soviética desde 1994 e tem o apoio da Rússia, reprime p movimento de protesto desde o ano passado, após sua polêmica reeleição em agosto.
"O regime conseguiu conter todos os protestos com armas, repressão e tortura", lamentou Tikhanovskaya.
A opositora está sendo julgada em seu país desde o outono de 2020 por "convocar ações que atentam contra a segurança nacional", um crime que pode ser punido com pena de três a cinco anos de prisão.
GENEBRA