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Estado de Minas YEREVAN

Primeiro-ministro da Armênia denuncia tentativa de golpe militar


25/02/2021 17:55 - atualizado 25/02/2021 18:02

O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, denunciou nesta quinta-feira (25) diante de milhares de apoiadores uma tentativa de golpe militar em seu país, onde a oposição segue mobilizada contra quem considera responsável pela derrota do exército contra o Azerbaijão em Nagorno Karabakh.

O Estado-Maior do Exército exigiu a renúncia do chefe de governo após a demissão de um alto funcionário, "uma tentativa de golpe de Estado", segundo Pashinyan.

No entanto, não foi registrado nenhum movimento de tropas e o Ministério da Defesa, por sua vez, considerou "inaceitável envolver o exército em processos políticos".

Nikol Pashinyan pediu aos seus generais que cumprissem suas ordens, durante um discurso para cerca de 20.000 de seus apoiadores, reunidos na praça da República da capital.

"O exército (...) deve obedecer o povo e as autoridades eleitas", declarou à multidão. "São minhas ordens e ninguém pode desobedecer".

A 1 km dali, entre 10.00 e 13.000 manifestantes da oposição exigiam a renúncia do primeiro-ministro, que chegou ao poder na primavera de 2018 após uma revolução.

- Apelo ao diálogo -

Alguns manifestantes acamparam durante a noite em frente ao Parlamento, determinados a permanecer lá até a saída de Pashinyan, a quem culpam pela derrota militar da Armênia contra o Azerbaijão no conflito de Nagorno Karabakh em 2020.

Os opositores fizeram uma barricada com latas de lixo, enquanto um grande número de policiais da tropa de choque estava posicionado na área.

"Vamos ficar aqui! Que venha [o primeiro-ministro] e ditaremos nossas demandas", declarou Vazgen Manukian, quem a oposição quer colocar à frente de um novo governo.

Dirigindo-se aos seus críticos, o primeiro-ministro havia feito horas antes um apelo ao diálogo, ainda que ameaçando prender quem fosse "além das declarações políticas".

Líder da potência regional, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, exigiu que "a situação seja resolvida no âmbito da lei", após uma conversa por telefone com o chefe do governo, de acordo com o Kremlin.

A União Europeia (UE) informou, por sua vez, que monitora a situação nessa ex-república soviética do Cáucaso, enquanto os Estados Unidos pediram ao exército que se mantenha "neutro sobre questões políticas".

"Lembramos a todas as partes o princípio democrático fundamental de que as forças armadas não devem intervir na política interna", disse um porta-voz da diplomacia americana.

Por volta do meio-dia, Pashinyan respondeu ao pedido de renúncia do Estado-Maior, liderando com passo firme e megafone em mãos uma manifestação com seus apoiadores.

O principal partido da oposição, Armênia Próspera, afirmou que ele tem uma "última chance" de renunciar sem "levar o país a uma guerra civil".

Já a influente Igreja Apostólica armênia pediu às forças políticas que realizem "negociações pelo bem da pátria e do povo".

- Humilhação nacional -

Os generais pediram a renúncia de Nikol Pashinyan, ao considerá-lo culpado por "ataques para desacreditar as forças armadas". Pouco antes, ele havia demitido o vice-chefe do Estado-Maior.

O líder armênio demitiu Jachatrian porque ele zombou na imprensa de suas declarações, que questionavam a confiabilidade do sistema de armamento russo, os lançadores de mísseis Iskander, durante o conflito em Nagorno Karabakh.

O chefe do governo armênio está sob pressão da oposição, que demanda sua renúncia desde a derrota militar da Armênia contra o Azerbaijão.

Até agora, contava com o apoio do Estado-Maior, que após o fim da guerra, havia aceitado junto ao primeiro-ministro as condições de um cessar-fogo negociado por Putin, que implicou importantes perdas territoriais para a Armênia.

Apesar da derrota, Yerevan ainda controla de fato, graças à presença de separatistas armênios, a maior parte da região de Nagorno Karabakh.

Porém, a Armênia perdeu a cidade simbólica de Shusha, assim como um conjunto de regiões azerbaijanas ao redor desta região e que o país controlava desde os anos 1990.

A derrota foi encarada como uma humilhação nacional.

Nikol Pashinyan, ex-jornalista e histórico opositor, 45 anos, chegou ao poder em 2018, após uma revolução que prometia tirar o país da pobreza e eliminar a elite marcada pela corrupção.

Desde sua independência após o fim da União Soviética em 1991, a Armênia enfrentou várias crises políticas e revoltas, algumas delas extremamente violentas.


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