"Agora vai ser difícil encontrar emprego em instituições públicas devido ao motivo da minha demissão", disse ele por telefone de Novosibirsk, a terceira maior cidade da Rússia.
Segundo o professor, seus superiores o censuram por ter defendido diante de seus alunos as manifestações não autorizadas de 23 e 31 de janeiro a favor de Navalny, que neste sábado(20) viu sua pena de dois anos e oito meses de prisão confirmada em recurso.
"Nunca discuti política com meus alunos. Sei que é preciso ter muito cuidado. Quando (os alunos) me perguntaram se eu apoiava Navalny, respondi: 'Aprenda a pensar por si mesmo'", disse o professor de 38 anos.
De acordo com o processo consultado pela AFP, Alexeyev foi despedido por "incumprimento repetido e injustificado das suas obrigações profissionais". A autoridade local da Educação não respondeu ao pedido da AFP por mais detalhes sobre o caso.
Os protestos organizados desde o final de janeiro a favor do ferrenho inimigo do Kremlin foram duramente reprimidos com mais de 11.000 prisões, multas, detenções e cerca de 100 processos que podem terminar com penas importantes.
Além disso, houve demissões punitivas e renúncias forçadas, especialmente entre funcionários públicos.
O professor Alexei Alexeyev explica que compartilhou na rede social Vkontakte, o equivalente russo do Facebook, uma foto sua em uma manifestação, o endereço da associação OVD-Info, que ajuda os manifestantes presos, e a investigação anticorrupção de Navalny contra o presidente russo, Vladimir Putin.
Segundo ele, essas publicações foram levadas à direção do centro educacional.
- Registros, prisão, demissão -
A milhares de quilômetros de distância, Alexandre Riabtshuk foi forçado a renunciar na escola pública de Rostov-on-Don, no sudoeste da Rússia, onde lecionou história por 7 anos.
"A direção me pediu para apagar minhas postagens no Instagram nas quais apoiei a oposição", disse. "Mas recusei. Preferi defender os meus princípios a salvar a minha carreira (...) Nas minhas aulas sobre a Grécia Antiga falo de democracia. Acredito na ideia do dever cívico e quero aplicar o que ensino", diz.
Em seu arquivo pessoal, consta que o contrato terminou por sua vontade. Mas o professor afirma que foi forçado depois que as forças de segurança revistaram sua casa e ele foi preso por cinco dias por participar de uma manifestação não autorizada.
O Ministério da Educação regional também não respondeu ao pedido de informação da AFP sobre o caso.
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