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Estado de Minas YANGON

Dois mortos e 30 feridos em repressão policial contra manifestações em Mianmar


20/02/2021 11:51

Dois manifestantes foram mortos e outros 30 feridos neste sábado(20) na cidade de Mandalay, no centro de Mianmar, quando a polícia reprimiu um protesto contra a junta militar, desencadeando o episódio mais violento desde o golpe de 1º de fevereiro.

Centenas de policiais foram destacados na tarde deste sábado nesta cidade, a segunda do país, e os manifestantes reunidos iniciaram um panelaço e alguns atiraram objetos contra as forças de ordem, que abriram fogo.

Um dos mortos é menor de idade e levou um tiro na cabeça, disse Hlaing Min Oo, chefe de uma equipe de resgate voluntária.

Segundo ele, "metade dos feridos foi baleada com munição real". Outro trabalhador dos serviços de emergência também confirmou as duas mortes.

Essa escalada ocorre um dia após a morte de Mya Thwate Thwate Khaing, de 20 anos, baleada em 9 de fevereiro.

A junta militar, que detém o poder após o golpe, continua a aumentar a pressão contra o movimento pró-democracia. Mas isso não parece intimidar vários milhares de pessoas, que voltaram a protestar nas ruas de Rangoon, incluindo representantes de minorias étnicas em trajes tradicionais.

Os manifestantes pedem o retorno do governo civil, a libertação dos detidos e a revogação da Constituição, que é muito favorável aos militares.

- "Nossa mártir" -

Perto do famoso pagode Shwedagon, no centro de Rangoon, uma coroa de flores foi colocada em homenagem a "Mya", como já é conhecida a primeira vítima mortal desses protestos.

"A bala que passou por ela também atingiu todas as nossas cabeças", disse um manifestante.

"Você é nossa mártir", escreveu outro em um pedaço de papel preso a uma rosa branca colocada na parte inferior de seu retrato.

Uma cerimônia em homenagem à jovem está programada para domingo.

Quase três semanas após o golpe que pôs fim ao regime civil de Aung San Suu Kyi e dez anos de democracia frágil, as condenações internacionais e o anúncio de novas sanções não conseguiram derrubar os generais.

As conexões de Internet foram praticamente cortadas pela sexta noite consecutiva, antes de serem restauradas na manhã deste sábado.

As prisões continuam, com cerca de 550 detidos em menos de três semanas, incluindo líderes políticos, funcionários em greve, monges e ativistas, de acordo com uma ONG que ajuda presos políticos. Apenas cerca de 40 foram liberados.

As manifestações, que atraíram centenas de milhares de birmaneses por todo o país nas últimas duas semanas, são geralmente pacíficas, mas a polícia não hesitou em usar canhões de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersá-los.

Nos últimos dias, os confrontos, os feridos e neste sábado as mortes, aumentam de forma preocupante.

Em Myitkyina, no norte, pequenos grupos de manifestantes foram dissolvidos na sexta-feira por policiais e militares armados com ruídos, segundo vídeos de testemunhas oculares.

Uma professora, que estava no local e agora se esconde por medo de ser presa, disse à AFP que viu dezenas de detenções. O conselho anunciou a morte de um policial no início da semana.

- Sanções -

A junta anunciou a morte de um policial no início da semana.

O medo de represálias está muito vivo em Mianmar, onde as duas últimas revoltas populares em 1988 e 2007 foram reprimidas a sangue e fogo pelo exército.

Apesar disso, os apelos à desobediência civil continuam e médicos, professores, controladores de tráfego aéreo e ferroviários continuam em greve, embora sejam os principais alvos das prisões.

A crise política e social em Mianmar continua no centro da agenda internacional. Os chanceleres da União Europeia se reunirão na segunda-feira para discutir possíveis medidas contra o exército birmanês.

"Condeno veementemente a violência do exército contra manifestantes pacíficos. Apelo urgentemente ao exército e a todas as forças de segurança para que acabem imediatamente com a violência contra os civis", declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

"Sancionar alguns líderes militares é simbolicamente importante, mas não terá um impacto significativo", advertiu a ONG Burma Campaign UK. "É improvável que tenham bens que possam ser congelados na UE, e a negação do visto não passa de uma proibição de férias", acrescentou a ONG, que pede medidas coercitivas contra os poderosos conglomerados controlados pelo militares.

Até agora, os Estados Unidos, o Reino Unido - a ex-potência colonial - e o Canadá anunciaram sanções contra alguns generais.

Pequim e Moscou, tradicionais aliados do exército birmanês nas Nações Unidas, veem a crise como um "assunto interno" do país.

Aung San Suu Kyi, de 75 anos, que não foi vista desde sua prisão, é acusada de ter importado walkies-talkies "ilegalmente" e de violar uma lei sobre o gerenciamento de desastres naturais.

Os militares justificaram o golpe alegando fraude maciça durante as eleições de novembro, vencidas com uma maioria esmagadora pelo partido da vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991.


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