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Estado de Minas WASHINGTON

Vídeos usados contra Trump levam julgamento de impeachment à era digital


11/02/2021 20:56

O Senado dos Estados Unidos, uma câmara respeitável e palco de alguns julgamentos de presidentes, ressoa esta semana com vídeos assustadores enviados por democratas que acusaram o ex-presidente Donald Trump de "incitar a insurreição", inaugurando um julgamento de impeachment na era digital.

Graças aos avanços tecnológicos do mundo moderno, os senadores eriçaram-se, choraram e ficaram aterrorizados com imagens e sons nunca antes vistos nos 230 anos de história do Congresso.

Telas de vídeo e equipamento de áudio foram instalados na Câmara Alta desde terça-feira para que seus 100 membros pudessem ver o registro do caos desencadeado no Capitólio em 6 de janeiro, quando apoiadores de Trump invadiram o local após um discurso do ex-presidente em um comício questionando a vitória eleitoral de Joe Biden.

Autoridades afirmam ter coletado milhares de horas de imagens registradas pelos próprios invasores, que fizeram algo que milhões de pessoas fazem todos os dias no mundo: filmar a si mesmas e o que está acontecendo ao seu redor.

Esses clipes, junto com vídeos de câmeras de segurança e imagens dos próprios discursos e comícios de campanha do ex-presidente, se tornaram o ponto crucial das provas apresentadas pelos democratas. Para muitos analistas, o julgamento se tornou um programa de TV imperdível.

A atmosfera normalmente solene do Senado foi abalada por imagens perturbadoras de manifestantes correndo pelos corredores do Congresso, procurando freneticamente pelo então vice-presidente Mike Pence, que em 6 de janeiro presidiu a sessão para certificar o triunfo de Biden nas urnas.

Eles também ouviram os insultos gritados pelos trumpistas furiosos, a polícia e até mesmo alguns legisladores.

"As apresentações foram extremamente poderosas, comoventes, quando se vê o que aconteceu", afirmou o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, a repórteres.

"Eu nunca tinha me visto naquela fita que eles mostraram", continuou.

Nas imagens apresentadas na quarta-feira, foi possível ver Schumer e outros senadores correrem para salvar suas vidas sob a orientação de agentes de segurança.

"Tenho esperança de que isso traga mudanças de opinião. É difícil olhar para isso e não ver a seriedade do que aconteceu", disse Schumer.

- "Extremamente angustiante e emocional" -

Com ou sem testemunhas no julgamento, as provas mais convincentes parecem já terem sido ouvidas e vistas nos vídeos que mantiveram os legisladores e o resto dos espectadores que acompanham o processo de suas casas embasbacados.

O senador republicano Mitt Romney afirmou que ficou surpreso ao ver-se afastado por um policial de uma multidão que se aproximava do complexo do Senado.

"Isso parte o coração e os olhos se enchem de lágrimas", admitiu Romney aos repórteres, dizendo que foi "extremamente angustiante e emocional" reviver aqueles momentos.

O Senado é, em muitos aspectos, uma instituição arcaica. Só permitiu que a C-Span, rede de TV a cabo que transmite os procedimentos do governo federal, começasse a gravar os procedimentos diários da Câmara Alta em 1986, seis décadas após o advento da televisão.

No entanto, os vídeos do processo de impeachment não são uma novidade. Foram usados no primeiro julgamento contra Trump em 2020, quando foram exibidos slides digitais, gráficos e algumas imagens.

E o julgamento de impeachment de Bill Clinton em 1999 incluiu fragmentos de declarações gravadas em vídeo, incluindo uma de Monica Lewinsky que o Gabinete de História do Senado disse ter sido a primeira apresentação em vídeo naquela câmara.

Mas, embora os trechos da era Clinton possam ter causado indignação, estavam muito longe das fortes imagens desta semana.

Em um clipe que foi mostrado após alertas sobre seu conteúdo pesado, o Senado viu o momento em que a polícia atirou fatalmente em uma mulher quando ela arrombou uma porta da Câmara Baixa.

Os tuítes de Trump também foram repetidamente mostrados nas telas e usados como evidência contra ele, um problema que nem Clinton nem Andrew Johnson, outro presidente indiciado e absolvido em 1868, tiveram.

Ver os invasores invadindo o Senado e vasculhando escritórios de congressistas é certamente um golpe duro para os senadores.

Uma das democratas da Câmara servindo como promotora, Diana DeGette, retransmitiu essas imagens nesta quinta-feira, incluindo uma nota arrepiante deixada por um manifestante para Pence, evacuado minutos antes.

"É apenas uma questão de tempo", dizia a mensagem. "A justiça chega".


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