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Estado de Minas WASHINGTON

Saguis ouvem conversas alheias e evitam indivíduos antissociais, diz estudo


03/02/2021 21:39

Assim como os seres humanos, os saguis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) - pequenos macacos com tufos de pelos nos dois lados do crânio e nativos do Brasil - escutam conversas alheias escondidos e preferem se aproximar de indivíduos que percebem positivamente, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (3) na revista Science Advances.

Apesar de a pesquisa sobre comportamento acumular muitos conhecimentos sobre a vida social dos primatas, costumam faltar métodos confiáveis para determinar a "perspectiva interior" de um indivíduo ou o funcionamento interno da sua mente.

E os saguis-de-tufo-branco demonstram ser uma espécie ideal para estudar por causa da estrutura social muito coesa: eles vivem em grupos altamente cooperativos de famílias com uns 15 membros e nos quais todo o clã é responsável pelos cuidados com os filhotes.

Como decidem em quem confiar e em quem não?

Uma equipe chefiada por Rahel Brugger, da Universidade de Zurique (UZH), colocou para 21 saguis-de-tufo-branco adultos, nascidos em cativeiro, gravações de outro indivíduo supostamente escondido e do sexo oposto, fazendo oferecimentos de comida ou respondendo agressivamente às reclamações dos filhotes.

Como controle, eles também reproduziram gravações em que se ouvia um único indivíduo.

Os cientistas dirigiram, então, câmeras infra-vermelhas para as faces dos saguis para captar suas temperaturas nasais, buscando indícios de que estavam alerta e comprometidos.

As provas determinaram que os saguis só responderam às gravações combinadas e não individuais, o que indica que entendiam quando conversas reais estavam ocorrendo.

Depois de executar as gravações, a equipe deixou os saguis entrarem em um recinto cheio de brinquedos e um espelho.

Os macaquinhos não reconheceram o próprio reflexo e por isso achavam que se tratava do indivíduo da gravação.

Os pesquisadores descobriram que, de forma geral, os saguis-de-tufo-branco preferiam se aproximar quando as gravações indicavam que o indivíduo era colaborativo.

"Este estudo se soma à evidência crescente de que muitos animais não são só observadores passivos das interações de terceiros, mas também as interpretam", afirmou Judith Burkart, uma das encarregadas do estudo, professora de Antropologia na UZH.

A equipe planeja usar este controle de temperatura em futuras pesquisas, como as destinadas a determinar a origem da moralidade.


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