"O que impediria? Reverter a decisão" que entrará em vigor no dia 19 de janeiro, afirmou o chefe de Assuntos Humanitários da ONU, o britânico Mark Lowcock. Ele avalia que as isenções prometidas por Washington às ONGs que distribuem ajuda humanitária não vão limitar a ameaça de uma fome inédita em 40 anos.
Determinada no domingo pelo governo de Donald Trump, a designação dos huthis como "terroristas", medida que deve entrar em vigor na véspera da posse de Joe Biden, foi comemorada pela Arábia Saudita, que luta contra esses rebeldes iemenitas.
O decisão foi, porém, duramente criticada pela União Europeia e por várias ONGs, e os parlamentares democratas pediram a Biden que a desfaça assim que assumir a Presidência.
Além de bloquear a ajuda humanitária, a medida vai atrapalhar as negociações políticas para resolver o conflito, alertaram funcionários da ONU nesta quinta durante uma videoconferência do Conselho de Segurança.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, "com certeza" apoia que os EUA revoguem sua decisão, disse seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
É a primeira vez que a ONU, geralmente cautelosa em seus comentários sobre os Estados Unidos, seu maior contribuinte financeiro, critica de forma tão clara e contundente uma iniciativa do governo cessante.
O enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, também britânico, disse que "compartilha fortemente" a posição de Lowcock.
"Nos preocupa que (a decisão dos Estados Unidos) diminua o ritmo e atrapalhe nosso trabalho de aproximação das partes", afirmou o enviado, que mantém contato regular com os huthis.
Segundo Lowcock, as projeções da organização para 2021 mostram que 16 milhões de pessoas passarão fome no país.
Se implementada, a decisão americana ameaça paralisar a entrega de ajuda humanitária e impedir o contato com funcionários huthis, a administração tributária, o uso do sistema bancário, o pagamento de profissionais da saúde e a compra de alimentos e combustível.
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