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Estado de Minas CONFLITO

Ao menos 600 civis morreram em 'massacre' na Etiópia

Grupos da região do Tigré são acusados de cometer assassinatos contra trabalhadores de etnias não locais em 9 de novembro


24/11/2020 14:55 - atualizado 24/11/2020 15:49

Um grupo de jovens local, auxiliado pela polícia e milícias, matou pelo menos 600 pessoas durante a primeira semana de combates na região de Tigré, no norte da Etiópia(foto: Eduardo Soteras/AFP)
Um grupo de jovens local, auxiliado pela polícia e milícias, matou pelo menos 600 pessoas durante a primeira semana de combates na região de Tigré, no norte da Etiópia (foto: Eduardo Soteras/AFP)

Ao menos 600 civis morreram em um "massacre" cometido em 9 de novembro na região separatista etíope do Tigré por grupos locais, apoiados pela polícia e uma milícia, declarou nesta terça-feira (24) um órgão público de defesa dos direitos humanos.


O relatório preliminar da Comissão de Direitos Humanos etíope (EHRC), independente mas cujo diretor é designado pelo governo, acusou uma milícia informal de jovens do Tigré, assim como as forças de segurança locais, de cometer uma "carnificina" contra trabalhadores temporários agrícolas que não pertenciam à etnia local.


A ONG Anistia Internacional (AI) informou anteriormente que "provavelmente centenas" de civis foram apunhalados ou assassinados com machados em 9 de novembro em Mai Kadra, a maior atrocidade conhecida desde o início da operação militar lançada pelo governo federal em 4 de novembro contra as autoridades regionais do Frente de Liberação Popular do Tigré (TPLF).


Por sua vez, a EHRC acusa uma milícia informal de jovens do Tigré, denominada "Samri", que contaria com o apoio das forças de segurança locais vinculadas ao TPLF, de ter, "antes de recuar contra o avanço do exército federal", atacado agricultores 'sazonais' de origem étnica Amhara e Wolkait, que trabalhavam nas fazendas de gergilim ou sorgo.


"Durante toda a noite" foram assassinados com cassetetes, facas, facões ou machados, ou "estrangulados com cordas", saqueando e destruindo tudo, de acordo com a EHRC, que afirma que tais ações "podem constituir crimes contra a humanidade e de guerra".


Com base em depoimentos e declarações de membros do comitê criado para enterrar as vítimas, "a EHRC calcula que ao menos 600 civis morreram", mas "o saldo de vítimas pode ser maior, já que ainda havia algumas pessoas declaradas desaparecidas quando a EHRC foi ao local e muitos corpos foram vistos semi-escondidos nos campos ao redor de Mai Kadra".


O enterro das vítimas levou três dias, de acordo com o seu relatório.


A ONU solicitou uma investigação independente para determinar o que aconteceu exatamente em Mai Kadra, já que deslocamentos de jornalistas para a região estão severamente restritos.


Sem apontar diretamente para os autores do "massacre", a AI citou depoimentos que o atribuíram às forças pró-TPLF.


No entanto, os habitantes de Mai Kadra que conseguiram fugir dos combates para o Sudão, assim como outros 40.000 etíopes, acusaram a forças do governo federal de ter cometido atrocidades na cidade, palco de intensos combates no início do conflito e desde então controlada pelas forças governamentais.


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