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Estado de Minas

Centrista Francisco Sagasti é eleito novo presidente do Peru


16/11/2020 18:49

O parlamentar centrista Francisco Sagasti foi eleito nesta segunda-feira (16) pelo Congresso como o novo presidente do Peru, o terceiro em uma semana, com o desafio de encerrar uma crise política que levou milhares de cidadãos indignados às ruas.

Aos 76 anos e ex-funcionário do Banco Mundial, o engenheiro foi eleito como novo presidente do Congresso, mas automática e imediatamente assume a chefia de Estado, de acordo com a Constituição.

Sagasti, do Partido Morado (centrista), deve concluir o atual mandato de governo - que termina em 28 de julho de 2021 - após a saída do popular presidente Martín Vizcarra há uma semana e a renúncia de seu sucessor, Manuel Merino, neste domingo.

As eleições presidenciais e legislativas estão programadas para 11 de abril de 2021.

Assim que Sagasti ultrapassou os 60 votos necessários para ser eleito, seus colegas de plenário o parabenizaram. Foi candidato único e obteve o apoio de 97 dos 123 parlamentares presentes. Desses, 26 foram contra e não houve abstenções. Ele deve tomar posse como presidente nesta segunda-feira.

Uma primeira votação para eleger o novo presidente do Peru fracassou neste domingo, com a parlamentar de esquerda Rocío Silva Santisteban como candidata única. Ela conseguiu 42 votos.

- 'Atenderá às expectativas' -

A esquerdista Mirtha Vásquez foi eleita nova presidente do Congresso, o que põe fim à incerteza que existia no país desde domingo, ao ficar sem titulares nos poderes Executivo e Legislativo.

"Acho que Francisco Sagasti atenderá às expectativas dos cidadãos", declarou a nova presidente do Congresso a repórteres. "Agradeço à população por todo o esforço. Lamentamos a morte de dois cidadãos", ressaltou, lembrando dois jovens que morreram no sábado durante protestos, após forte repressão policial.

"Esta geração de jovens nos ensinou uma lição para redirecionar o destino do Estado", acrescentou Vásquez.

A eleição de Sagasti foi comemorada por centenas de manifestantes reunidos em frente ao prédio do Congresso e por pedestres e motoristas em várias áreas de Lima.

A crise se encerra uma semana depois de o Congresso destituir o popular Vizcarra por "incapacidade moral" e desencadear a pior crise política em duas décadas no país, em meio à emergência sanitária causada pelo coronavírus e à recessão econômica.

- Investigação policial -

Merino renunciou cinco dias após assumir o cargo, após maciços protestos contra ele, os quais tiveram o balanço de dois mortos e uma centena de feridos.

Em muros do centro de Lima e no parque Miraflores, uma espécie de altar foi erguido em homenagem aos dois mortos nos protestos de sábado, Inti Sotelo (24 anos) e Jack Pintado (22), chamados agora pelos ativistas peruanos de "Heróis do Bicentenário".

O Ministério Público peruano abriu nesta segunda-feira uma investigação preliminar contra Merino por suposta responsabilidade pela morte dos dois manifestantes, informou a procuradora Zoraida Ávalos.

Essa investigação preliminar por "abuso de autoridade e homicídio doloso" é dirigida contra Merino, seu chefe de gabinete, Ántero Flores Aráoz, e seu ministro do Interior, Gastón Rodríguez, pelos dois manifestantes mortos aparentemente por disparos da polícia, disse Zoraida, que prometeu que esses eventos "não ficarão impunes".

- Erro do tribunal -

Nesta segunda-feira, o Tribunal Constitucional deve se reunir e emitir sua decisão sobre um recurso solicitado por Vizcarra quando ainda era presidente e enfrentava um primeiro pedido de destituição, do qual obteve êxito em 18 de setembro.

Na ocasião, Vizcarra solicitou ao tribunal superior que definisse o alcance da "incapacidade moral" de um presidente, já que a Constituição peruana não o define.

Desconhecem-se as implicações que essa decisão poderia ter dois meses após ter sido solicitada e quando Vizcarra já foi destituído do poder, enquanto alguns especulam que poderá anular a sua destituição.

Para acabar com a incerteza, o ex-deputado Víctor Andrés García Belaúnde, do partido Ação Popular (centro-direita), de Merino, propôs a antecipação das eleições gerais convocadas para abril de 2021.

"A grave crise atual mostra, mais uma vez, que é preciso não só ter legalidade, mas também legitimidade social. É hora de consultar o povo. É preciso antecipar a data das eleições presidenciais. O Congresso o fará?", tuitou Garcia Belaunde.

Outros especulam que seria necessário que um alto magistrado assumisse provisoriamente o poder, como o chefe do Tribunal Constitucional ou o chefe do Judiciário, como aconteceu há quase um século, após a queda do presidente Augusto B. Leguía.

O que parece fora de questão é uma intervenção militar. O Comando Conjunto das Forças Armadas afirmou neste domingo que manterá "o estrito cumprimento de seu princípio não deliberativo" e pediu a "solução pacífica das divergências políticas".


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