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Estado de Minas

Biden diz que recusa de Trump em admitir a derrota é 'um constrangimento'


10/11/2020 20:19

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, qualificou nesta terça-feira (10) a recusa do presidente Donald Trump em reconhecer a derrota como "um constrangimento", mas diminuiu sua importância.

"Simplesmente acho que é um constrangimento, francamente", disse Biden, quando perguntado sobre o que pensava da atitude de Trump sobre o resultado das eleições de 3 de novembro.

"Como posso dizer isto com tato? Acho que não ajudará no legado do presidente", disse Biden a jornalistas em seu reduto eleitoral em Wilmington, Delaware.

Uma semana após as eleições, o presidente republicano continua entrincheirado na Casa Branca, pedindo recontagem de votos e promovendo impugnações nos tribunais, sem provas significativas da fraude maciça que alega.

Mas Biden parece ignorá-lo.

"O fato de não estar dispostos a admitir que vencemos a esta altura não tem maiores consequências no nosso planejamento", afirmou Biden, que já trabalha para preparar sua posse, programada para 20 de janeiro.

Líderes mundiais, inclusive quase todos os aliados dos Estados Unidos, parabenizaram Biden, que obteve uma vantagem indiscutível em estados-chave, e alcançou a maioria do voto popular em nível nacional.

Biden conversou nesta terça-feira com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson; o presidente francês, Emmanuel Macron; a chanceler alemã, Angela Merkel; e o primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin.

Quando perguntado o que disse a eles, respondeu: "Digo-lhes que os Estados Unidos estão de volta. Estamos voltando ao jogo. Não são mais os Estados Unidos sozinhos".

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aliado de Trump, também parabenizou Biden.

- Clima de intransigência -

A tentativa de Trump de se agarrar ao poder consome o magnata, que costuma debochar publicamente dos adversários, aos quais chama de "losers" (perdedores).

"NÓS VENCEREMOS!", tuitou o presidente republicano, acrescentando: "Estamos progredindo muito. Os resultados começam a chegar na próxima semana. Vamos fazer os Estados Unidos grandes de novo!".

Neste clima de intransigência, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse, durante uma tensa coletiva de imprensa que estava sendo preparada "uma transição tranquila para um segundo governo de Trump".

Desde o dia das eleições, Trump fez poucas aparições públicas e parece ter deixado de lado seus deveres presidenciais.

Suas únicas atividades conhecidas fora da Casa Branca foram jogar golfe duas vezes no fim de semana, depois que Biden foi declarado o vencedor das eleições.

As reuniões confidenciais de Inteligência, rotineiras para um presidente, têm estado fora da agenda diária. Tampouco se mencionou o dramático aumento dos casos de covid-19 em todo o país.

E suas coletivas de imprensa, entrevistas à emissora Fox News ou sessões improvisadas de perguntas e respostas com jornalistas na Casa Branca, que chegaram a ser diárias, desapareceram.

A única ação presidencial significativa de Trump foi a demissão repentina do secretário de Defesa, Mark Esper, na segunda-feira, pelo Twitter.

- "Espero ansioso falar com você" -

Biden, que venceu com um número recorde de votos, mas admite que quase a metade do eleitorado apoiou Trump, evita o confronto.

Nesta terça, se disse contrário a entrar com ações legais para forçar Trump a aceitar a derrota, limitando-se a dizer, com um sorriso: "Senhor presidente, espero ansioso falar com você".

Há exatos quatro anos, completados nesta terça-feira, Trump acabara de surpreender ao vencer Hillary Clinton e visitava a Casa Branca pela primeira vez como convidado do presidente democrata em fim de mandato, Barack Obama.

Trump, que assumiu o mandato com a promessa de mudar as instituições e o que chamou de "um Estado profundo" que, segundo ele, opera nas sombras, não só descumpriu esta tradição, como está bloqueando o acesso a recursos e fundos previstos por lei para a transição.

Este pacote é controlado pela diretora da Administração de Serviços Gerais, Emily Murphy, que foi nomeada por Trump.

Mas Biden segue adiante. Já instalou um grupo de trabalho para abordar a pandemia de covid-19, promessa central de sua campanha, avalia como vai formar seu gabinete e fez um discurso para defender o plano de atendimento médico da era Obama, que Trump pediu à Suprema Corte para ser desmantelado.

- Quem vai lhe dizer para ir embora? -

Abundam em Washington as especulações sobre quem, se é que há alguém, no círculo íntimo de Trump que acabará convencendo-o a ir embora.

O ex-presidente George W. Bush, o único ex-presidente republicano vivo, parabenizou Biden pela vitória.

O gesto foi repetido pelo presidente do Banco Inter-americano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, que chegou ao cargo após ter sido o principal assessor de segurança nacional no hemisfério ocidental da Casa Branca.

Mas são casos atípicos em um partido controlado por Trump, ainda muito popular.

Na segunda-feira, o líder republicano no Congresso, senador Mitch McConnell, disse que Trump estava "100% em seu direito" de recorrer à justiça.

Mas a vantagem do democrata em vários estados-chave é insuperável e não deveria mudar, mesmo se as ações judicias prosperarem.

Trump acrescentou, no entanto, uma nova arma em potencial à sua contestação dos resultados. Na segunda-feira, seu procurador-geral, Bill Barr, concordou em autorizar uma investigação sobre "acusações específicas" de fraude.

Embora Barr tenha advertido que "afirmações enganosas, especulativas, fantasiosas ou inverossímeis não deveriam ser uma base para iniciar investigações federais", sua intervenção incomum na disputa gerou preocupações de que Trump não cederá em seus esforços.

O principal procurador de crimes eleitorais do Departamento de Justiça, Richard Pilger, renunciou em sinal de protesto.


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