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Estado de Minas

Mianmar elege 1o parlamentar muçulmano desde 2015, porta-voz dos oprimidos


10/11/2020 12:25

Após cinco anos sem um único deputado muçulmano no Parlamento de Mianmar, as eleições legislativas de domingo deram às minorias oprimidas um porta-voz, Sithu Maung, algo "necessário" para o país - confessou o representante recém-eleito.

Com apenas 33 anos, o novo parlamentar prometeu lutar pelos mais fracos, em um país onde a discriminação contra as minorias é comum, seja no acesso à educação, saúde, ou emprego.

Os muçulmanos representam em torno de 4% da população de Mianmar e sofrem níveis significativos de exclusão em um país de maioria budista.

Eleito pelo partido Liga Nacional para a Democracia (NLD), da prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, Maung foi um dos dois candidatos muçulmanos apresentados pela sigla, entre mais de 1.100 candidatos.

Em sua circunscrição no centro de Rangun, obteve 80% dos votos.

"As pessoas me aplaudiam, gritavam meu nome das janelas quando eu caminhava pela rua", disse este jovem à AFP em seu modesto apartamento no bairro colonial de Rangun, capital econômica do país.

O eleitorado Sithu Maung é um dos mais etnicamente diversificados da cidade, com cerca de 30.000 habitantes, tanto budistas quanto muçulmanos, ou outras minorias: chineses, indianos, ou a minoria rakhin.

"Vou trabalhar para pessoas de todas as religiões, mas especialmente para aquelas que são vítimas de discriminação e oprimidas, ou privadas, de seus direitos", prometeu.

A Liga Nacional para a Democracia conquistou uma vitória esmagadora, embora os resultados oficiais ainda não tenham sido divulgados.

Seus apoiadores foram às ruas em massa para comemorar a vitória, apesar do aumento dos casos de coronavírus nas últimas semanas.

- "Mestiço" -

A imagem internacional de Aung San Suu Kyi foi muito manchada pelo tratamento que deu aos muçulmanos em Mianmar, especialmente os rohingyas.

Mianmar foi acusada de genocídio pela Justiça internacional após as grandes operações militares em 2017 que levaram milhares de muçulmanos a fugir do país e fez com que quase 600.000 vivessem como apátridas, em condições classificadas como "Apartheid" pelas ONGs de Defesa dos direitos humanos.

Ao mesmo tempo, muçulmanos de outros grupos étnicos, embora oficialmente considerados cidadãos, são vítimas regulares de discriminação.

Como muitos outros, Sithu Maung teve de esperar anos para obter um documento de identidade que o considerava "mestiço", o que dificulta o acesso aos serviços públicos.

"É preciso viver isso para entender como é em um momento como este", explica ele.

Embora já estivesse na política nas eleições anteriores de 2015, Sithu Maung não foi escolhido como candidato do LND.

E, mesmo cinco anos depois, sua indicação foi fortemente criticada.

"Há muita desinformação sobre mim. Há quem me trate como terrorista, outros dizem que eu queria impor o aprendizado do árabe na escola", lamentou.

"Até os muçulmanos me criticaram: se eu não rezasse o suficiente, se fosse ateu, ou anticonformista", diz o deputado, que afirma ter a pele curtida por todas essas críticas.

Ele não será o único muçulmano no Parlamento. Win Mya Mya, de 71 anos, um veterano do LND, obteve uma vitória confortável na região de Mandalay.

A vitória histórica desses dois candidatos é "esperançosa" para Mianmar, de acordo com o cientista político David Mathieson, mas o país realmente precisa reduzir "a discriminação profundamente enraizada contra os muçulmanos e outras minorias étnicas que servem como bode expiatório".

Sithu Maung não se considera apenas o porta-voz da comunidade muçulmana. "Se alguém em meu círculo eleitoral sofrer um ataque, ou uma injustiça, eu o defenderei", garantiu.


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