O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (23) a normalização das relações diplomáticas entre Israel e Sudão, afirmando que os dois países fizeram as "pazes".
Jornalistas na Casa Branca presenciaram uma conversa telefônica no Salão Oval entre Trump e os líderes israelenses e sudaneses.
Fizeram "as pazes", disse Trump.
"Sudão e Israel concordaram com a normalização das relações, outro passo importante para a construção da paz no Oriente Médio com outra nação que se soma aos Acordos de Abraão", envolvendo Bahrein e Emirados Árabes Unidos, tuitou Judd Deere, assistente de Trump.
O Sudão confirmou, nesta sexta-feira, a normalização de suas relações com Israel.
"Sudão e Israel concordaram em normalizar suas relações, encerrar o estado de agressão entre eles", informou a televisão estatal sudanesa, ao referir-se a um comunicado conjunto do Sudão, Estados Unidos e Israel.
Trump, em campanha para sua reeleição, afirmou que está preparando "muitos, muitos outros" acordos.
"Estamos expandindo o círculo da paz tão rápido, graças à sua liderança", disse ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
"Temos ao menos cinco países que se querem se juntar", acrescentou Trump.
Netanyahu comemorou a notícia.
"Que mudança formidável! Hoje, Cartum diz sim à paz com Israel, sim ao reconhecimento de Israel e à normalização com Israel", declarou Netanyahu em uma declaração em hebraico transmitida por seus serviços de imprensa à AFP.
Netanyahu acrescentou que delegações sudanesas e israelenses se reunirão em breve para discutir sobre cooperação em várias áreas, principalmente agricultura, comércio e outros setores importantes.
A presidência da Autoridade Palestina, por sua vez, manifestou-se em um comunicado que "condena e repudia" o "acordo para normalizar os laços com o país de ocupação israelense que usurpa terra palestina".
"Ninguém tem o direito de falar em nome do povo palestino e da causa palestina", acrescentou.
"Trata-se de um pecado político que prejudica o povo palestino e sua causa justa, prejudica também o interesse nacional do Sudão (...) e só beneficia Netanyahu", declarou Hazem Qasem, porta-voz oficial do movimento islamita palestino Hamas, no poder na Faixa de Gaza.
Mais cedo, o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, elogiou o acordo.
"Saúdo os esforços conjuntos dos Estados Unidos, Sudão e Israel sobre a normalização das relações entre Sudão e Israel. Agradeço todos os esforços para alcançar estabilidade e a paz na região", disse no Twitter al-Sissi. O Egito normalizou suas relações com o Estado hebreu em 1979.
- Sudão fora da lista negativa dos EUA -
Antes do Sudão, Emirados Árabes Unidos e Bahrein normalizaram suas relações com Israel. O presidente disse também que espera que os sauditas se juntem às normalizações.
Pouco antes, a Casa Branca havia anunciado a intenção de Trump de retirar o Sudão da lista de Estados que apoiam o terrorismo.
O primeiro-ministro sudanês, Abdallah Hamdok, agradeceu a Trump na ligação e saudou o grande impacto que esta medida terá na economia sudanesa.
Desde a queda do regime de Omar al-Bashir em abril de 2019, o Sudão está governado por um governo de transição em que militares e civis compartilham o poder até as eleições previstas para 2022.
Esse governo enfrenta dificuldades econômicas com uma forte desvalorização da libra sudanesa. Por conta disso, pediu aos Estados Unidos para retirar o Sudão da lista de países que apoiam o terrorismo, considerado um obstáculo para os investimentos.
A Casa Branca disse que, como parte do acordo para sair da lista, o governo de transição do Sudão depositou US$ 335 milhões para compensar os sobreviventes e familiares dos ataques contra Estados Unidos, que ocorreram quando o ex-ditador Omar al-Bashir acolheu o Al-Qaeda.