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Estado de Minas

Sonda da Nasa entra em contato com asteroide em missão histórica


20/10/2020 22:07

Quatro anos após o seu lançamento, a sonda americana Osiris-Rex conseguiu tocar brevemente o asteroide Bennu, para tentar colher algumas dezenas de gramas de amostras, numa operação de alta precisão desenvolvida a 330 milhões de quilômetros da Terra e cujo êxito será conhecido dentro de alguns dias.

"Tudo ocorreu perfeitamente", afirmou o chefe da missão, Dante Lauretta, emocionado. "Escrevemos uma página da História esta tarde."

A sonda irá enviar imagens e dados da operação na madrugada desta quarta-feira, numa primeira indicação para determinar se a nave alcançou o objetivo de colher as amostras.

No ano passado, o Japão conseguiu, com a sonda Hayabusa2, coletar um pouco de poeira de outro asteroide, Ryugu, e agora retorna para casa, com chegada prevista para dezembro. Com a Osiris-Rex, a Nasa espera coletar uma amostra muito maior, de pelo menos 60 gramas, com a qual tentará decifrar os componentes originais do sistema solar.

A nave, do tamanho de um caminhão, oscilava ao redor do asteroide desde o fim de 2018 para preparar esta operação, de alta complexidade, realizada de forma autônoma pelo robô a partir de instruções enviadas por engenheiros da Nasa e da Lockheed Martin.

"Não podemos controlar a nave em tempo real", havia explicado Kenneth Getzandanner, gerente de dinâmica de voo da missão. Nessa distância, os sinais levam cerca de 18,5 minutos para viajar.

O primeiro sinal de confirmação da operação chegou à Terra às 22h12 GMT desta terça-feira, como previsto. Em seguida, a sonda confirmou que havia colhido as amostras e partiu para uma distância segura do asteroide. As primeiras imagens deverão chegar na manhã desta quarta-feira.

"Não é fácil navegar em torno de um corpo pequeno", explicou na véspera Heather Enos, principal pesquisadora-adjunta do projeto, que passou 12 anos na missão preparando-se para este momento, que se resumiu a menos de 16 segundos críticos de contato, durante os quais um braço deveria se estender e colher amostras de dois centímetros ou menos de diâmetro.

"Na verdade, não podemos pousar na superfície de Bennu, então iremos apenas beijá-la", havia assinalado Beth Buck, da Lockheed Martin.

- Rochas -

O interesse em analisar a composição dos asteroides do sistema solar se baseia no fato de eles serem feitos dos mesmos materiais que formaram os planetas. É "quase uma pedra de Roseta, algo que está lá fora e conta a história de toda a nossa Terra, do sistema solar nos últimos bilhões de anos", comparou o cientista-chefe da Nasa, Thomas Zurbuchen.

As amostras retornarão à Terra em 24 de setembro de 2023, com um desembarque planejado no deserto americano de Utah. Com o material, os laboratórios poderão realizar análises muito mais poderosas de suas características físicas e químicas, disse a diretora da divisão de ciências planetárias da Nasa, Lori Glaze.

Nem todas as amostras serão analisadas imediatamente. Como aqueles trazidos da Lua pelos astronautas da Apollo, que a Nasa ainda está estudando 50 anos depois.

As amostras "também permitirão que nossos futuros cientistas planetários façam perguntas sobre as quais não podemos sequer pensar hoje, usando técnicas de análise que ainda não foram inventadas", afirmou Glaze.

Todas as manobras de aproximação se desenvolveram com precisão elevada, o que deveria aumentar as chances de a sonda ter evitado as rochas que salpicam a superfície.

Bennu não é o asteroide liso, coberto por uma "praia" inofensiva de areia fina, como a Nasa esperava. O asteroide foi escolhido porque está convenientemente próximo e porque é antigo: os cientistas estimam que ele se formou nos primeiros 10 milhões de anos da história do sistema solar, 4,5 bilhões de anos atrás.

Depois que a Osiris-Rex atingiu a rocha no final de 2018, os cientistas ficaram surpresos ao receber fotos mostrando que ela estava coberta de seixos e pedras, às vezes com 30 metros de altura.

Desde então, eles mapearam o asteroide com resolução de centímetros e escolheram o local de pouso menos arriscado: a chamada Cratera Nightingale, com 25 metros de largura, com uma zona-alvo de apenas 8 metros de diâmetro pronta para close.


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