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Estado de Minas

O confronto no Cáucaso que ninguém quer que degenere em guerra


02/10/2020 10:02

As potências regionais acompanham com ansiedade o confronto entre Armênia e Azerbaijão em Nagorno Karabakh, que ninguém quer ver degenerar em uma guerra que dificilmente teria um vencedor claro.

- Armamento soviético -

Os beligerantes têm um ponto em comum, como enfatiza o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS): ambos herdaram seu arsenal, doutrina e conhecimentos da era soviética.

De acordo com os especialistas consultados pela AFP, a Armênia é superior no âmbito aéreo, e o Azerbaijão leva vantagem no solo.

Segundo o diretor da Fundação Mediterrânea para Estudos Estratégicos (FMES), Pierre Razoux, a Armênia tem uma força de 50 mil homens e mulheres, com potencial de mobilização de 500 mil soldados, além de 20 mil soldados e 100 tanques em Nagorno Karabakh.

Somados a isso, estão 180 tanques e outros 200 veículos blindados, 35 caças e "mísseis balísticos que podem atingir as instalações de petróleo do Azerbaijão".

E, sobretudo, a base militar russa em Gyumri (noroeste), com 3.300 soldados, 240 veículos blindados, além dos mísseis balísticos S300 e S400.

Do lado oposto, segundo o especialista, o Azerbaijão tem 90 mil homens, 20 mil paramilitares e 300 mil reservistas.

"O material terrestre é muito mais importante com cinco divisões, 600 tanques, 100 deles T90s modernizados, o melhor da panóplia militar russa", garante. Fora os mísseis terra-ar S300.

Ambos os países usam drones israelenses, ocidentais, ou turcos - no caso do Azerbaijão. Mas Nagorno Karabakh, localizado em uma área montanhosa dificilmente conquistável, está protegido por sua localização geográfica.

- A importância da Rússia -

No Cáucaso, o conflito entre essas duas ex-repúblicas soviéticas localizadas entre o Mar Cáspio e o Mar Negro dificilmente pode ser resolvido sem a intervenção de Moscou.

"A Rússia tentou durante anos mostrar neutralidade, entregando armas aos dois países e garantindo um equilíbrio de forças. Mas em breve terá que escolher", diz o especialista Alexander Golts, da revista russa "Ekhednevny".

"A situação é diplomática e estrategicamente incerta, com os Estados Unidos à margem, o que deixa um espaço livre a ser preenchido pela Rússia e pela Turquia", estima Matthew Bryza, ex-embaixador dos Estados Unidos no Azerbaijão.

De fato, a Turquia é, agora, a potência mais ativa. Especialistas dizem que o Azerbaijão não agiria sem a aprovação do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que multiplica suas frentes estrangeiras, enquanto alimenta o eleitorado nacionalista.

Na Síria e na Líbia, ele enfrenta o presidente russo, Vladimir Putin, e, no Mediterrâneo oriental, desafia a União Europeia. Agora, uma nova frente se abre no Cáucaso.

Ancara é até mesmo suspeita de enviar combatentes sírios para a região, o que gerou duras críticas do presidente francês, Emmanuel Macron.

O Irã, outro gigante da região, tem uma diáspora armênia significativa e mantém uma relação comercial próxima com Yerevan.

"Mas o Irã tem outros problemas, no atual contexto de sanções e embargo à venda de armas", esclarece Emmanuel Dreyfus, do Instituto de Pesquisas Estratégicas da Escola Militar Francesa (Irsem), o que exclui que a República Islâmica se torne um "ator decisivo" no conflito.

- Improvável guerra aberta -

Analistas conjecturam que o pior cenário possível - guerra aberta, intervenção de potências regionais - pode ser evitado.

"O terreno montanhoso, o armamento letal e a proximidade das cidades tornam difícil para ambos os lados alcançar uma vitória militar clara", afirma Tom de Waal, especialista em Cáucaso do Carnegie Endowment Institute.

"Isso causaria um banho de sangue", acrescenta.

Além disso, a chegada do inverno rigoroso não convida a aventuras militares caras.


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