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Estado de Minas

Morreu o cartunista argentino Quino, criador de 'Mafalda'


30/09/2020 23:37

O cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado, conhecido como "Quino" e criador da personagem "Mafalda", morreu nesta quarta-feira (30), aos 88 anos. A notícia comoveu não só o mundo da cultura, mas os leitores em geral.

"Quino morreu. Todas as pessoas boas do país e do mundo ficarão de luto por ele", escreveu no Twitter seu editor, Daniel Divinsky, diretor das Ediciones de la Flor.

O presidente argentino, Alberto Fernández, dedicou ao cartunista uma mensagem no Twitter: "Quino nos deixou, um dos maiores artistas da história do nosso país. Ele nos fez rir, pensar, e nos convocou a sempre refletir sobre a Argentina, com a qual esteve comprometido como poucos. Até sempre, mestre."

Quino costumava passar seis meses do ano na Espanha e seis meses na Argentina. No momento de sua morte, estava em sua cidade natal, Mendoza (oeste), segundo a imprensa local.

A província de Mendoza declarou luto pela morte de Quino, mas devido às restrições pela pandemia de covid-19 nenhuma homenagem oficial será realizada.

- 'Órfãos' -

Uma escultura de Mafalda e seus companheiros o homenageia no bairro de San Telmo, em Buenos Aires. Nesta quarta-feira, várias pessoas compareceram ao local para depositar buquês de flores.

O mesmo ocorreu em Mendoza, onde existe outra escultura muito semelhante.

"Pensei em vir saudar Mafalda, Susanita e Manolito, porque somos várias gerações um pouco órfãs hoje", disse Damián Lozada, morador de San Telmo, de 55 anos.

"Quino deixa um trabalho extraordinário para o mundo. É amor e é humor. É ternura e é inteligência. É observação contundente e também inocência", acrescentou.

No Twitter, #Quino foi destaque na Argentina com uma avalanche de mensagens de despedida.

"Deixou-nos Quino, um dos maiores artistas da história do nosso país. Nos fez rir, nos fez pensar e sempre nos chamou a refletir sobre a Argentina, com a qual se comprometeu como poucos. Adeus professor", escreveu o presidente Alberto Fernández.

O rosto de Mafalda está presente em inúmeros murais na Argentina, e o desenho enfeita um dos túneis do metrô de Buenos Aires, cidade onde se passa sua história e em um dos prédios há uma placa comemorativa que garante que a famosa garota morou ali.

Quino não teve filhos. Foi casado desde 1960 com Alicia Colombo, falecida em 2017.

- Mafalda -

Filho de andaluzes, Quino nasceu aos pés da Cordilheira dos Andes, em Mendoza (oeste), em 17 de julho de 1932.

Aos 13 anos ingressou na Faculdade de Belas Artes de Mendoza, mas logo se sentiu "cansado de desenhar ânforas e gessos" e transformou sua genialidade em quadrinhos e humor - embora em sua primeira fase, sem palavras.

Aos 18 anos publicou o seu primeiro cartum em Buenos Aires, mas foi aos 30 que Mafalda nasceu do traço do seu lápis, a menina que odeia sopa, concebida a pedido de um anúncio de eletrodomésticos em 1963.

Com humor sutil, carregada de crítica social, as tirinhas de Mafalda e dos amigos Susanita, Miguelito, Manolito, Felipe e Libertad, foram publicadas de 1964 a 1973.

Esses foram os únicos personagens permanentes que ele desenhou.

Entre seus livros, destacam-se "A mí no me grite", "Hombres de bolsillo", "Gente en su sitio", "Humano se nace", "Déjenme inventar"

Quino foi reconhecido com o Prêmio Príncipe das Astúrias em 2014 e também recebeu o Legião da Honra da França.

Seu legado foi destacado nesta quarta-feira pela Real Academia Espanhola. "Deixou-nos Quino, criador da inesquecível Mafalda e um dos mais internacionais cartunistas espanhóis. As suas palavras contundentes viajaram pelos dois lados do Atlântico graças às suas tiras e ao seu peculiar senso de humor", escreveu a RAE.

Em seus cartuns, sempre reivindicou a liberdade, muitas vezes ironizou a exploração do trabalho e também fez humor com a psicanálise.

Uma das última vezes que foi visto em público foi em janeiro de 2015 em uma manifestação em Buenos Aires para repudiar o ataque ao semanário satírico francês 'Charlie Hebdo'.

"Mafalda sentiria uma tristeza terrível pelo atentado", disse então Quino, que compareceu em cadeira de rodas e com um cartaz que dizia: "Eu sou Charlie".


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