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Estado de Minas

Terra do Papai Noel se prepara para gélido e solitário inverno turístico


17/09/2020 08:43

Milhares de visitantes de todo mundo migram para a Lapônia finlandesa a cada inverno para desfrutarem de passeios de trenó e ver a "verdadeira" casa do Papai Noel.

Este ano, porém, a covid-19 pode colocar em risco o turismo, motor econômico da região.

"Atualmente, estamos registrando entre uma e duas reservas por semana e, na maioria das vezes, apenas reembolsamos", disse Sini Jin à AFP, que teme a falência, se não receber mais clientes depois de dezembro.

À frente da agência Nordic Unique Travels, Jin propõe expedições e outras excursões pela vasta tundra finlandesa para viajantes da Europa e da Ásia.

Normalmente, emprega cerca de 80 pessoas em plena temporada, procedentes de diferentes partes do globo. Em 2020, porém, recrutará apenas "dois ou três" trabalhadores sazonais.

Embora Sini Jin tenha recebido ajuda urgente do governo, que anunciou na primavera (outono no Brasil) um pacote de mais de 1 bilhão de euros (cerca de US$ 1,18 bilhão) para ajudar as empresas, não será suficiente para compensar a falta de turistas, estima.

"Tudo pelo que trabalhamos vai desaparecer rapidamente", lamentou ela.

Um sentimento compartilhado por outros fornecedores da região, onde o setor de turismo gera 10.000 empregos e um bilhão de euros em receitas por ano.

Sem seus visitantes estrangeiros neste inverno, 60% das empresas de turismo temem uma perda de pelo menos metade de seu faturamento, e até 75% delas poderão demitir funcionários, de acordo com uma pesquisa da agência finlandesa de turismo da Lapônia.

"Não temos esperança de obter reservas significativas", antecipa Kaj Erkkila, que dirige uma empresa familiar de dez pessoas e que conta com mais de 100 huskies siberianos.

Há décadas, Kaj Erkkila leva turistas em trenós puxados por cães pelas florestas da Lapônia.

"Se a receita deste inverno for baixa, é possível que a gente também não consiga trabalhar para a temporada 2021-2022, pois cuidar dos cães é muito caro", explica.

- "Grande decepção" -

Segundo Nina Forsell, responsável pela associação dos provedores de turismo, a situação é crítica para várias empresas da região: "Se falirem neste inverno, vão precisar de muito tempo para se levantarem", prevê.

Na esperança de relançar o turismo na Lapônia, a Finlândia anunciou na sexta-feira que vai flexibilizar algumas das medidas em vigor para conter o novo coronavírus, permitindo que turistas europeus viajem ao país por até três dias. Autoconfinamento e teste de detecção serão obrigatórios.

O governo também autorizou a entrada irrestrita de viajantes de países com menos de 25 novos casos por 100.000 habitantes (dos 10 até agora).

Essas decisões foram classificadas como uma "grande decepção" pelos órgãos de turismo da Lapônia, que consideram as regras complexas e inaplicáveis.

"A abertura da Finlândia é uma boa solução. Comporta um risco menor, mas que podemos administrar", afirma Sanna Karkkainen, chefe da Visit Rovaniemi, o escritório loca de turismo, em conversa com a AFP.

"Mas é suficiente para responder a demanda e manter as empresas aqui na Lapônia? Não estou convencida", acrescenta.

Os operadores de turismo trabalharam em colaboração com especialistas em saúde para desenvolver um protocolo que, segundo eles, permitirá suavizar as regras ainda mais.

Neste verão (inverno no Brasil), a Finlândia teve uma das taxas de infecção mais baixas da Europa. Dos quase 9.000 casos relatados, apenas 243 ocorreram na Lapônia.

- Desafio é permanecer aberto -

Algumas grandes empresas, como a Santa Park de Rovaniemi, decidiram não abrir neste inverno. Normalmente, o parque temático emprega 400 pessoas e recebe 120.000 visitantes a cada temporada.

Para as demais, as empresas menores, o desafio será permanecer aberto na esperança de que o governo autorize mais viajantes internacionais.

Nunca houve tantos turistas na região como nos últimos anos, e "isso é o mais doloroso", desabafa Sanna Karkkainen.

"Realmente, precisamos muito dessa indústria para construir um futuro para a Lapônia, e deixá-la desaparecer não é uma opção", conclui.


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