O deputado norueguês que, na semana passada, indicou Donald Trump para o Prêmio Nobel da Paz de 2021 reconheceu nesta terça-feira que o presidente dos EUA parece "rude e arrogante", mas que ele também o vê como um candidato "digno" do prêmio.
Christian Tybring-Gjedde, membro da direita populista anti-imigração do país nórdico, causou surpresa em 10 de setembro ao anunciar que nomearia Trump para o prestigioso prêmio do ano que vem.
O motivo é o acordo de normalização "único e histórico"entre Israel e os Emirados Árabes Unidos promovido por Trump, explicou o político à AFP.
O Comitê Norueguês do Nobel é obrigado a aceitar centenas de propostas apresentadas a cada ano: milhares de pessoas de todo mundo (entre parlamentares e ministros de todos os países, ex-laureados, alguns professores universitários e outros) têm direito de apresentar uma candidatura.
Com a proximidade da eleição presidencial dos Estados Unidos, em 3 de novembro, a iniciativa do deputado norueguês, ele próprio uma figura muito polêmica em seu país, ganhou espaço nos jornais e captou a atenção de Trump.
Candidato a um segundo mandato, o republicano lançou uma longa série de tuítes, expressando seu entusiasmo e gratidão ao político nórdico.
Nesta terça-feira, nas páginas do jornal norueguês "Aftenposten", Tybring-Gjedde voltou a insistir nos motivos que o levaram a essa indicação ao Nobel pela segunda vez. A primeira foi em 2018.
"Não há dúvida de que Trump muitas vezes parece rude e arrogante", escreveu ele em um artigo de opinião.
"Minha proposta se baseia nos resultados obtidos pela paz mundial, pela reconciliação e pela retirada das tropas militares (...). Talvez seja justamente a atitude não diplomática de Donald Trump que faz com que suas conversas não fiquem em meras palavras", defende.
Para ele, o magnata nova-iorquino de 74 anos cumpre os requisitos estabelecidos por Alfred Nobel (1833-1896) para ganhar o prêmio melhor do que muitos laureados anteriores.
"Nesse contexto, não importa que não gostemos da personalidade de Trump. Donald Trump é (...) merecedor do Prêmio Nobel da Paz", concluiu.
Como de costume, o Instituto Nobel, encarregado de receber as indicações e decidir a distinção, não quis comentar o assunto.
"É importante dizer ao mundo que ser indicado não tem nada a ver com a forma como o Comitê Norueguês do Nobel percebe uma candidatura", disse seu diretor, Olav Njølstad, à AFP.
"Como tantas pessoas têm a oportunidade de propor alguém, é claro que o espectro de pessoas e organizações indicadas é muito amplo", acrescentou.
Outro parlamentar, Magnus Jacobsson, da Suécia, também nomeou Trump para o Prêmio Nobel em 2021, mencionando os esforços do presidente americano para aproximar Sérvia e Kosovo.
O Prêmio Nobel da Paz 2020 será concedido em 9 de outubro.