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Estado de Minas

Irã considera que acordo com Israel torna Barein 'cúmplice' de crimes


12/09/2020 20:31

O Irã acusou neste sábado autoridades do Barein de "cumplicidade nos crimes" de Israel ao normalizarem suas relações com aquele país em um acordo anunciado ontem por Donald Trump, que dá um passo adiante na transformação do cenário do Oriente Médio e no isolamento do Irã.

"Os líderes de Barein serão agora cúmplices dos crimes do regime sionista, assim como uma constante ameaça para a segurança da região e do mundo muçulmano", afirmou o Ministério iraniano das Relações Exteriores em um comunicado divulgado neste sábado.

Horas antes, o Barein havia se tornado o segundo país do Golfo a normalizar as relações com Israel, depois do acordo similar alcançado entre Israel e Emirados Árabes Unidos há menos de um mês, e o quarto Estado árabe a estabelecer os laços, após os acordos assinados por Egito em 1979 e Jordânia em 1994.

Trump chamou de "histórico" o acordo, que significa o ponto de partida para o restabelecimento de relações diplomáticas e comerciais plenas.

"Estão acontecendo coisas no Oriente Médio que ninguém poderia ter imaginado", disse o presidente americano.

De acordo com um dos conselheiros do rei do Barein, Khalid al Khalifa, o acordo vai estimular a "segurança, estabilidade e prosperidade" da região.

A Casa Branca afirmou que representantes do Barein participarão de uma cerimônia de assinatura programada para terça-feira em Washington, que também terá a presença do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Assim como a maioria dos países do Golfo, o Barein compartilha com Israel e Estados Unidos a mesma hostilidade a respeito do Irã. O regime acusa Teerã de utilizar a comunidade xiita no Barein contra a dinastia sunita governante.

O país é sede da V Frota dos Estados Unidos, do qual é muito dependente.

Mas neste sábado os bareinitas contrários à aproximação com Israel criticaram o acordo entre os países.

Nas redes sociais, as hashtags "Bareinitas contra a normalização" e "A normalização é uma traição" eram muito reproduzidas.

Ao contrário dos Emirados, a oposição à normalização pé profunda no Barein, cuja sociedade civil é muito ativa, apesar da repressão.

As autoridades dissolveram os principais grupos de oposição, incluindo o xiita Al-Wefaq, que tinha representação no Parlamento até 2011, por supostos vínculos com "terroristas" próximos do Irã.

"O acordo entre o regime despótico do Barein e o governo de ocupação sionista é uma traição total ao islã e ao arabismo", escreveu Al-Wefaq no Twitter.

- 'Golpe' na causa palestina -

Depois de criticar o Barein, o governo do Irã também acusou Israel de ter provocado "décadas de violência, massacres, guerra, terror e derramamento de sangue na Palestina, oprimida, e na região".

Na mesma linha, a Turquia condenou o acordo de normalização das relações entre Israel e Barein e o chamou de "novo golpe" à causa palestina.

"É um golpe contra os esforços de defesa da causa palestina, vai fortalecer Israel em suas práticas ilegais contra a Palestina e a tornar permanente a ocupação dos territórios palestinos", afirmou o ministério turco das Relações Exteriores em um comunicado.

Segundo autoridades de Ancara, o acordo se opõe à iniciativa de paz árabe, que pede a retirada completa de Israel dos territórios palestinos ocupados em 1967 em troca de uma normalização das relações, e também às resoluções da Organização de Cooperação Islâmica (OCI).

Até agora existia um consenso no mundo árabe de que a resolução do conflito israelense-palestino era uma condição prévia inegociável para uma aproximação diplomática com Israel.

A Autoridade Palestina e o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, chamaram o acordo de "punhalada pelas costas" e de "agressão" à causa palestina.

Ahmad Majdalani, ministro palestino dos Assuntos Sociais, afirmou que "quatro ou cinco países árabes estariam dispostos a assinar uma paz ilusória" (acordo de normalização) com Israel.

O ministro não revelou detalhes sobre quais países seriam, mas de acordo com fontes palestinas poderiam ser Omã, Sudão, Mauritânia e Marrocos.

Trump, no entanto, afirmou que o acordo também beneficiará os palestinos.

"Estarão em uma posição muito boa", disse. "Eles vão querer participar (das conversações) porque todos os seus amigos estarão lá", completou.

O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, elogiou o acordo, que chamou de "histórico". Já o Hezbollah libanês, movimento xiita apoiado por Teerã, classificou o mesmo de "traição e punhalada nas costas do povo palestino".

Normalizar as relações entre Israel e os aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio, incluindo as ricas monarquias do Golfo, é um objetivo chave da estratégia regional de Trump.

"À medida que outros países normalizem suas relações com Israel, o que vai acontecer, estamos convencidos de que, com bastante rapidez, a região se tornará mais estável, mais segura e mais próspera", acrescentou o republicano, que disputará a reeleição em novembro.

Ao chegar à Casa Branca em 2017, Trump prometeu uma paz duradoura para israelenses e palestinos e no início do ano divulgou um plano para a região que foi imediatamente rejeitado pelos palestinos, que o consideraram favorável a Israel e que deixava de lado sua aspiração de ter um Estado que conviva ao lado de Israel com fronteiras justas e estáveis.


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