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Estado de Minas

Governo afegão e talibãs iniciam em Doha decisivas negociações de paz


11/09/2020 14:07

Após meses de atrasos e violência, o governo afegão e os talibãs se reúnem em Doha neste fim de semana, mediados pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, para lançar negociações de paz que ponham fim a quase duas décadas de guerra, embora poucos esperem uma solução rápida.

Os dois lados se encontrarão na capital do Catar, Doha, a partir de sábado, seis meses depois do programado devido a grandes desentendimentos sobre uma polêmica troca de prisioneiros.

As negociações apoiadas pelos EUA representam um marco importante no conflito que começou há 19 anos, mas não há garantias de paz ou mesmo um cessar-fogo permanente porque os negociadores têm objetivos bastante divergentes.

O chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo, chegou a Doha na sexta-feira antes da sessão de abertura do diálogo, que ele chamou de uma oportunidade "verdadeiramente histórica".

"Estou ciente de como essas negociações serão difíceis entre os afegãos, mas agora é a vez deles", disse no avião enquanto voava para Doha.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, candidato à reeleição em novembro, se esforça para retirar as tropas do país e acabar com a guerra mais longa dos Estados Unidos, que começou há quase 20 anos quando Washington invadiu o Afeganistão e derrubou o Talibã após os ataques de 11 de setembro de 2001.

- "A paz é a prioridade" -

Vanda Felbab-Brown, especialista em Afeganistão e pesquisadora da Brookings Institution, acredita que as negociações podem durar anos, "com muitas paradas, às vezes meses enquanto a luta continua".

Qualquer acordo vai depender da vontade de ambas as partes em adaptar sua visão para o país e como eles podem compartilhar o poder.

Os talibãs, que se recusaram a reconhecer o governo do presidente Ashraf Ghani, farão pressão para remodelar o Afeganistão e criar um "emirado" islâmico.

O governo Ghani, por sua vez, procurará manter o status quo apoiado pelo Ocidente de uma república constitucional, com direitos, incluindo maiores liberdades para as mulheres.

Até agora, os talibãs fizeram apenas vagas promessas de proteger os direitos das mulheres por meio de "valores islâmicos", e muitos afegãos temem que seu retorno parcial ou total ao poder signifique a retomada de políticas anteriores, como a execução de mulheres acusadas de adultério.

"Por mais que desejemos a paz, também queremos que as conquistas dos últimos anos continuem", disse Aminulah, uma professora de 35 anos da província de Kunduz. "Não quero que minha escola feche, mas a paz é a prioridade agora", acrescentou.

- Reivindicando "vitória" -

Os talibãs, que governaram a maior parte do Afeganistão entre 1996 e 2001, manterá uma posição mais firme do que em qualquer outro período desde que foram derrubados.

Em fevereiro, eles reivindicaram a vitória após assinar um acordo com Washington que definiu um cronograma para as negociações, que deveriam começar em março, e para a retirada das forças estrangeiras no início do próximo ano.

Em troca, os talibãs ofereceram garantias de segurança que os críticos consideram vagas. Depois de assinar o acordo, os insurgentes lançaram novos ataques contra as forças afegãs.

O acordo não exige que os talibãs renunciem formalmente à Al Qaeda, o grupo jihadista liderado por Osama Bin Laden, que se refugiou no Afeganistão enquanto planejava os ataques de 11 de setembro.

Em vez disso, os talibãs prometem "não permitir" que esses grupos usem o Afeganistão como base.

"A postura dos talibãs sugere que eles percebem sua posição atual como de grande força", disse Andrew Watkins, analista do Afeganistão do International Crisis Group.

O principal obstáculo será o cessar-fogo em uma guerra que matou dezenas de milhares de civis e deixou milhões de desabrigados.

O acordo dos EUA indicava que a trégua permanente era apenas "um item da agenda" das negociações, mas o governo de Cabul quer pressionar por um cessar-fogo desde o início, algo que os talibãs descartam.


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