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Estado de Minas

Radicalização do movimento 'antimáscaras' escandaliza Alemanha


30/08/2020 21:55

Várias autoridades políticas da Alemanha denunciaram, neste domingo (30), o "ataque à democracia", após a tentativa de invasão do Parlamento nacional durante a manifestação dos "antimáscaras", que representou uma nova etapa na radicalização do movimento.

As imagens de sábado à noite de centenas de manifestantes tentado forçar as barreiras e o cordão de isolamento policial para subir as escadas do famoso edifício do Reichstag, em Berlim, causaram um grande impacto no país.

O incidente foi o ponto máximo de um ato do movimento "antimáscaras", que reuniu quase 40.000 pessoas para protestar contra as restrições impostas pela pandemia de covid-19 e terminou em 300 detenções.

Hoje, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, denunciou o "ataque insuportável ao coração da nossa democracia e os excessos da extrema direita", assim como as "bandeiras do Reich" que foram exibidas por manifestantes para recordar o império que acabou em 1919, após a Primeira Guerra Mundial.

"Nunca vamos tolerar", disse Steinmeier, considerado a referência moral do país.

A ministra da Justiça, Christina Lambrecht, pediu a "defesa contra os inimigos da nossa democracia", enquanto começa o debate sobre a validade de se continuar autorizando este tipo de manifestação.

"A imagem insuportável de neonazistas diante do Reichstag não pode se repetir", afirmou a ministra, enquanto seu colega da pasta do Interior, Horst Seehofer, criticou um ato "inaceitável contra o centro simbólico da nossa democracia liberal".

Centenas de manifestantes forçaram as barreiras de segurança para subir a escada do Reichstag. Policiais conseguiram impedir, por pouco, a invasão do edifício.

Neste domingo, a polícia voltou a mobilizar um dispositivo significativo, depois que cerca de 2.000 pessoas se reuniram mais uma vez perto do Reichstag, na Coluna da Vitória e, depois, no Portão de Brademburgo, a um passo do Parlamento.

De novo, foram rapidamente dispersos pelas forças de segurança, que também fizeram verificações de identidade na multidão.

- Local repleto de história -

O Reichstag, onde os deputados alemães se reúnem em sessão plenária, tem uma forte carga simbólica na Alemanha.

O edifício e sua famosa cúpula foram incendiados em 1933 pelos nazistas, um ato que pretendia deixar de joelhos o que restava da democracia alemã do Entreguerras.

"A pluralidade de opiniões é uma característica do bom funcionamento de uma sociedade", disse o ministro conservador do Interior. "Mas a liberdade de reunião chega ao limite, quando as regras públicas são pisoteadas", frisou.

A prefeitura de Berlim tentou proibir a manifestação, alegando a impossibilidade de garantir o respeito às distâncias de segurança e os chamados gesto de barreira para prevenir o contágio do coronavírus, ante o elevado número de pessoas anunciado e sua determinação.

Após uma ação dos organizadores, a Justiça acabou autorizando a manifestação.

Quase 300 pessoas foram detidas durante os distúrbios com a polícia, diante do Reichstag e da embaixada da Rússia, perto do centro da cidade, onde os manifestantes jogaram garrafas e pedras contra as forças de segurança.

- Extrema direita mobilizada -

Os manifestantes se reuniram para criticar as medidas impostas, devido à pandemia do novo coronavírus, como o uso de máscara, ou as distâncias de segurança, que consideram um cerceamento da liberdade. Protestos similares aconteceram na Suíça, França, Reino Unido e Áustria.

O protesto aconteceu dois dias após o anúncio do governo da chanceler Angela Merkel de novas restrições ante a aceleração das infecções.

Uma multidão heterogênea composta por militantes antivacinas, pessoas que acreditam em teorias da conspiração, cidadãos preocupados com as restrições relacionadas à pandemia, mas também, cada vez mais, de acordo com as autoridades, simpatizantes da extrema direita.

"Os símbolos nazistas e outras bandeiras do Império não têm espaço diante da Câmara dos Deputados", denunciou o vice-chanceler e ministro das Finanças, Olaf Scholz.

"Ver as bandeira do Império diante do Parlamento é uma vergonha", tuitou o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas.


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